sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pessoas


Somos pessoas buscando respostas,
somos dúvidas sem explicação.
Somos pessoas que buscam um norte,
suportes em nossas quedas,
mais fortes em nossa fé.
Refletimos nossas luzes,
acolhemos nossas sombras
e surfamos com coragem
estudando as marés.


Confiamos que é possível
um mundo mais justo e fraterno,
corações mais abertos,
enxergando o invisível.
Acreditamos que é possível
um mundo com menos violência
e mais tolerância,
com menos arrogância
e mais humildade,
com menos enganos
e mais verdades.


Eus multiplicados
formando nós
que se amarram uns nos outros,
que se encaram uns aos outros
e se integram uns com os outros
para que todos vivam melhor.


Renata Villela

Humanos

Seguimos juntos
e seguimos sós
é assim.
Comunhão e solidão
não são opostos
por mais que pareçam.
Silêncio e diálogo
não são opostos
por mais que pareçam.


Trilhamos caminhos diversos,
ouvimos chamados diferentes,
damos respostas individuais.
Escrevemos histórias distintas,
temos dons complementares,
somos vidas singulares
que comungam um mesmo ideal.
Acreditamos na verdade
de sentir a unidade
desse mundo tão plural.


Somos todos, somos um,
temos Deus dentro de nós.
Somos não e somos sim,
começo e fim, guerra e paz.
Humanos, únicos e insubstituíveis,
diferentes em nossas escolhas,
solitários em nossas cabanas,
companheiros em várias estradas,
temos Deus dentro de nós.
Criamos laços invisíveis,
cultivamos amizades imprevisíveis
e nos surpreendemos sempre
com as maravilhas que Deus faz.


De verdade,
Deus é mais !
Com certeza,
Deus é paz !

Renata Villela

Dona Zilda

Morre dona Zilda,
mulher de fibra,
conhecida por tanta gente,
reconhecida por seu trabalho e dedicação.
Mãe das crianças de todos os povos,
especial em seu jeito de fazer sorrir,
em seu jeito de saber servir,
na intenção convicta
de que toda ação pela paz e pela vida
sempre vale a pena.

Morre um pedaço da gente
junto ao povo do Haiti.
Na terra que treme,
essa gente que geme com a dor de tantas perdas
chora a morte e o corte da vida.
No meio deles,
cumprindo sua missão,
morre dona Zilda,
mulher de fibra,
exemplo de doação.

Não consigo dizer que Dona Zilda descansou,
apenas se transformou em mais um ponto de luz
que brilha além de nós:
sua voz agora ecoa por todos os cantos.
Acolhida sob o manto de Maria, mãe de todos nós,
cuidará, num grande abraço,
sem os limites de tempo ou espaço,
de todas as crianças,
em todos os países,
de todas as raças, credos e religiões.

Dona Zilda não morreu
porque gente que se faz presença
deixa marcas de eternidade por onde passa,
sementes de verdade espalhadas por tantas terras,
grãos que sempre florescem
nos solos carentes de tantos corações...
Por isso ficam em seus frutos,
em seus feitos,
em suas atitudes e realizações.

Dona Zilda ensinou
que não há limites para o amor,
não há fronteiras para servir,
não há barreiras instransponíveis
para quem sabe que nada é impossível
para Deus.

A terra tremeu,
estremecida, quem sabe?
com tantos estragos e guerras,
com a falta de cuidado com a Terra,
com os gritos sufocados de tantos que sofrem
com as mais diversas formas de violência.
Mulher que marcou a história de nosso tempo,
Dona Zilda merece, sim, nossa reverência
por ter sido referência de serviço e doação
até seu último movimento de respiração.

Que nos inspiremos em seu exemplo de ser presença
e fazer diferença
onde a violência se tornou tão banal.
Que, saboreando o Ideal de Cristo,
cuidemos de nossas crianças
e levemos a paz
até as últimas conseqüências.


Bem aventurada Dona Zilda
escolhida para morrer no exercício de seu trabalho,
trabalho de Deus,
cumprindo sua missão.
Missão cumprida,
Vida vivida no “sim”
Do começo ao fim.

Renata Villela

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Viver é assim...

Tem dias que o medo chega,
a dor abate,
impossível evitar.
Tem dias que a alegria
invade o peito
e tudo parece ter jeito,
tempo de celebrar.

Viver é assim:
encarar surpresas,
contemplar belezas,
enxergar as impurezasde nossos corações.
Viver é assim,
aprendizado sem fim:
é corda bamba, é linha reta,
é voz cansada, é mão aberta,
é claridade e escuridão,
instabilidade e convicção.

Tem horas que a solidão angustia
e a noite friadesestabiliza.
Quando a dor nos silencia,
Deus é presença, é guia,
que tranquiliza nossas tempestades,
nossos vendavais.
Chega como a brisa
e alisa nossa face,
transforma nossos impasses
em vôos de paz.

Renata Villela