domingo, 30 de dezembro de 2012

Sonhar é bom



Tem gente que acha que a noite do dia 31 de dezembro é uma noite como outra qualquer...Eu não acho! A virada do ano tem uma magia própria, traz em si o mistério de reacender a chama de nossas esperanças e, quando nos damos conta, estamos sonhando!!!!Isso é tão bom! Sonhar é vida. Quando não sonhamos, podemos até achar que estamos vivendo, mas o que fazemos, na verdade, é sobreviver aos saltos, vencendo as dificuldades de cada dia.
Nós precisamos de ritos e a virada do ano é parte de um rito de renovação. Os últimos dias de dezembro trazem um cansaço inenarrável, o cansaço das corridas diárias, das tristezas mal digeridas, das doenças que nos abateram, dos prazos apertados, dos esforços de cada conquista, dos desafios vencidos, das metas atingidas. Não necessariamente o cansaço é uma coisa ruim; nós nos cansamos porque trabalhamos, gastamos energia, isso é uma lei natural. O que não podemos, contudo, é nos deixar render pelo cansaço e entregar os pontos. Daí a importância dos ritos! Primeiro, deixamos na “caixa” do ontem, todas as mazelas, as dores, as contrariedades, a impaciência, o esgotamento, o estresse. Empacotamos para presente e liberamos para o tempo que passou. Em outra caixa, guardamos as boas lembranças, os sorrisos, os abraços, as conquistas, as celebrações e a colocamos num lugar especial para serem sempre lembradas! E é numa terceira caixa que colocamos todos os nossos sonhos, sem restrições nem censuras, porque se há uma coisa que a gente pode fazer sem precisar contabilizar nada, essa coisa é sonhar.
A hora é de abrir a caixa do amanhã é colocar nela o sonho da felicidade a todo instante, da saúde inabalável, da segurança a qualquer hora e em qualquer lugar. Na caixa cabe também o sonho de andar de bicicleta na orla, velejar pelo mar calmo de uma baía qualquer, dançar no meio da rua e mergulhar num pote de sorvete num dia de 40°! Nessa caixa também há de se colocar o sonho da igualdade, da tolerância religiosa, do respeito mútuo, da dignidade e do fim da corrupção... O sonho de um país sem analfabetos, de pessoas com empregos e condições de saúde e saneamento dignas de qualquer ser humano; o sonho de um mundo sem fronteiras, sem guerras, onde todas as nações respeitem suas diferenças e cultuem o que lhes faz iguais e onde o cuidado com a natureza seja mais que um dever, mas um prazer, como o da mãe que cuida de seus filhos.
Depois de colocar na caixa do amanhã todos os nossos sonhos, cabe a nós colocá-la na janela, para que seja abençoada por todas as estrelas, inclusive pelo sol. E que seja regada pela chuva e acariciada pela brisa! Essa é uma caixa que não deve ser fechada jamais, os ventos são responsáveis por levar a poeira embora... Sonhos empoeirados morrem.
Quando o dia 1º amanhece é gostoso olhar para a caixa cheia de sonhos, como a criança olha para o grãozinho de feijão recém plantado. Assim como o feijãozinho, nossos sonhos também precisam ser regados. E sonhos se regam com responsabilidades assumidas e compromissos internalizados. Sonhos se regam com oração e confiança, com disponibilidade e alegria. Sonhos se regam diariamente, nas pequenas coisas, nas atitudes mais corriqueiras, nos encontros mais inusitados, no esforço  e na comunhão.
Sonhar é bom, por isso eu convido a todas as pessoas a sonhar, a escrever seus sonhos nas estrelas e a beber delas, o brilho que não se apaga. Assim, sempre de um jeito novo e com energia renovada, trabalharemos pela realização de todos os sonhos, de todas as pessoas, porque sonhos escritos nas estrelas são abraçados pelo Universo e se tornam sonhos de todos nós. 

                                                                 Renata Villela, em 30/12/2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Quando dezembro chega...



Quando dezembro chega, nossos corações começam a se arrumar em forma de manjedoura. Em alguns dias faxinamos as sujeiras que acumulamos ao longo do ano; em outros, ajustamos as luzes e as cores para que todos os nossos cantinhos, mesmo aqueles mais escuros, estejam iluminados e coloridos.  A cada dia transformamos o que normalmente é apenas um espaço de 24 horas num tempo de amor.
Felizes somos nós quando nos dispomos a viver esse tempo de espera como quem cuida do que tem de mais especial. Felizes somos nós que, mesmo fazendo compras, participando de amigos-secretos, mesmo caprichando na ceia, guardamos em nossos corações a real perspectiva dessa festa. Felizes somos nós que não vivemos o Natal como uma data do calendário, mas como uma experiência do sagrado em nós.
Dia-a-dia, Deus nos dá a oportunidade de olhar além do óbvio e descobrir o que se esconde em cada esquina, em cada sala, em cada ônibus, em cada banco de praça... Dia-a-dia, Deus derrama seu amor sobre nós todos. Às vezes, Ele faz dueto com aquele passarinho que, na simplicidade, canta pousado no galho da árvore que resistiu à poluição da avenida mais movimentada. Já em outras vezes, Ele parece se derramar na ternura do bebê que chora no colo da mãe, no meio do shopping ou da praça. E é Ele quem cuida de nós quando, no meio do sufoco, surge a pessoa que nos serve o cafezinho, sorrindo como quem sabe que as urgências de nossos afazeres são sempre menores do que a beleza de um sorriso gratuito e verdadeiro.
Todos os dias, em todos os momentos, Deus se faz o nosso maior e melhor presente, mas não são poucos os instantes em que estamos ocupados demais para sentí-Lo. São tantos os apelos que, mesmo convictos de nossa fé e de nossa responsabilidade com a vida verdadeira, tropeçamos e perdemos o foco. Mas Ele não desiste de nós! Por mais que fechemos portas e que neguemos vagas “em nossas hospedarias”, Ele não se cansa... Por amor, se faz criança e nasce na manjedoura onde Ele mais deseja nascer: em nossos corações.
E o mais bonito nessa história toda é que Ele não nos cobra nada, não exige nada de nós, só nos pede que nos amemos uns aos outros... Ele nos aceita do jeitinho que somos, nem mais nem menos e vem, diariamente, se dar de presente para nós sem pedir nada, doa-se  por amor!
O Amor nasce criança...E criança pobre! O Amor nasce numa família...E numa família simples! O amor nasce no meio dos animais...Na periferia! O  Amor nasce nos pequeninos, nos humildes, nos doentes, nos pobres... O Amor nasce para que todos, indistintamente, tenham vida...E vida em abundância! O Amor nasce para a alegria, para a saúde, para a justiça e a paz!
Há mais de 2000 anos, dois jovens, Maria e José, disseram SIM à vontade de Deus. Há mais de 2000 anos, os magos caminharam quilômetros para presentear a família de Nazaré, reconhecendo a chegada do Salvador. Há mais de 2000 nasceu Jesus !
Hoje, é a nós que o anjo anuncia a Boa Nova! Hoje, é de nós que Deus espera o SIM corajoso e determinado de quem nada teme porque tem em si, o Amor. Hoje somos nós os magos que andam quilômetros ou apenas pequenos passos,  para viver a experiência do Encontro. Hoje, somos nós as manjedouras, prontas para acolher o Menino Deus e se transformar. Hoje somos nós os responsáveis por natalizar a vida!
Que assim sejam todos os nossos dezembros ! Que assim sejam todos os nossos Natais ! Que assim seja sempre a nossa vida !

Renata Villela  -  Dezembro / 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

Amanhã


O amanhã é o presente de cada dia
com suas possibilidades;
é a vontade abraçada com o agora,
é a hora antecipada pelo olhar.

O amanhã floresce no tempo da alma,
quando a esperança se faz certeza,
quando a beleza das descobertas,
se enraiza nas lembranças
que dão sustentação ao novo, ao vôo,
às vozes que chamam
a novas experiências.

O amanhã vibra
quando o coração pulsa
e cria o impulso da vida
que irriga nossos sonhos.
O amanhã voa
quando as asas do infinito
tocam no que há de mais bonito
em nossos corações.

O amanhã nasce
suave como a brisa da manhã
que não pede licença às nossas janelas,
mistura as tintas de nossas aquarelas
criando novas cores e novos tons.

O amanhã não faz barulho,
mas tem seus sons,
notas que se comungam
em um tom maior.
É a canção nunca ensaiada,
mas que sabemos de cor.

O amanhã é presente que nasce
da comunhão do tempo,
da sintonia de encontros,
da harmonia no espanto,
da alegria e do encanto
da alma diante da luz.

Renata Villela (Dezembro/2012)