terça-feira, 28 de junho de 2016

Pedro

Há 15 anos escrevi esse texto....Passado tanto tempo e ainda tenho tanto a aprender com ele....



A humanidade de Pedro é algo que contagia !

Pedro não tem nenhuma pretensão em ser um deus, perfeito e superior às fraquezas. Pelo contrário, homem simples no meio de tantos outros iguais a ele, Pedro sintetiza a diversidade dos sentimentos que marca nossas caminhadas.

Se, por um lado, ele foi ousado e se arriscou a caminhar sobre o mar a chamado de Jesus;  por outro, no meio do caminho, ele se acovardou, sentiu medo e afundou.
Se ele seguiu Jesus com a convicção de quem encontrou o Mestre, teve também seu momento de duvidar, de questionar, de não compreender.
Se ele vacilou em jogar a rede ao mar, desconfiando do sucesso de sua pescaria, também ele deixou-se levar pela fé que impulsiona a uma atitude concreta, na busca do que se deseja e presenciou o milagre da rede transbordando de peixes.
Se ele se acovardou diante dos soldados romanos, negando Jesus por três vezes, foi ele o que disse Sim e que viveu o sim ao compromisso de edificar a igreja.

A dignidade de Pedro é que o engrandece : a integridade de um homem que reconhece seus erros  e não tem vergonha de voltar atrás; a simplicidade de um pescador que assume suas dúvidas e incompreensões mas é capaz de superá-las pela força de sua fé. A dignidade de Pedro é que o engrandece: a coragem de um apóstolo que, ainda que tendo momentos de medo e indecisão, levou seu amor a Deus até as últimas conseqüências; a perseverança desse discípulo que, mesmo por vezes vacilando, escorregando, não desistiu, superou-se a si mesmo e cumpriu a sua missão.

Que seja Pedro, para nós, um exemplo de conversão, daquela conversão diária que aperfeiçoa nosso exercício de viver.
Que seja ele, não o exemplo da perfeição, mas o da imperfeição que se corrige a cada instante, que se transforma a cada atitude, que se supera por causa do amor que dá  um novo sentido a cada passo, fomentando a vontade de levantar a cada tropeço e de sempre recomeçar a pescaria, na esperança dos peixes, mesmo após dezenas de redes vazias.


                                                                                  Renata  Villela
                                                                            Grupo  OPA  -   Junho / 2001

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Mudar, voar, viver, amar,


 Mudar é possível,
é preciso.
Encarar o imprevisível,
metamorfosear.
Superar medos,
olhar além,
contemplar o desconhecido.
Mudar é necessário,
primário,
da raiz do ventre
ao vento do amanhã.
Mudar,
transformar-se e transformar,
viver experiências novas,
inovar,
desenrolar novelos
e tecer novas manhãs.
Despertar,
acordar o outro lado de nós mesmos,
crescer,
empreender e se desprender,
desapegar, lançar-se ao mar
navegar,  depois voar, plainar no ar
e voltar pra mergulhar.
Quebrar expectativas
sentir viva a chama que alimenta
cada passo
e abraçar as experiências
que se despontam a nossa frente.
Enfrentar resistências
e lançar-se além do que a consciência vê.
Planejar ou simplesmente ir,
 sem pensar,
viver,
respirar.
Saber que quase nada (ou quase tudo?) depende de nós,
eis o eco de nossa voz!
Gritar, cantar, calar.
Mudar de posição,
inventar o tom da canção,
e deixar-se levar
pelos acordes de um violão,
ou violino, o que importa?
 Sentir-se menino
diante de um avião,
abrir a porta do desejo trancado
no sótão.
Viajar,
dançar,
esbaldar-se na pura magia
de uma melodia qualquer.
Quebrar paradigmas,
vencer desertos,
achar oásis
e chegar mais perto do sol,
da lua e das estrelas.
Brilhar!
Ser luz,
contagiar,
acreditar que tudo vale a pena,
a vida é turbulenta
e é serena,
e  viver pode ser sempre
um lindo ato de amor.


                            Renata Villela  -  Junho/2016