quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Sobre fazer aniversário, ter amigos e sorrir



Ontem foi meu aniversário... Eu havia comentado com as pessoas mais próximas que iria, logo cedinho, dar um mergulho na praia. Também combinei com minha filha, meu genro e meu pai de almoçarmos juntos num determinado restaurante. Nenhuma das duas coisas deu certo.
Ainda era madrugada quando ouvi o barulho da chuva forte no telhado... Teve até trovoada ! E eu pensei, isso é que é uma pessoa abençoada! Como poderia reclamar da chuva e dos trovões se, durante todos os dias do verão, eu reclamo do calor? O fato de não ter dado o mergulho na praia foi só um detalhe... Viva o dia fresquinho que Deus me deu!
Mais tarde, chegando no restaurante combinado, descobrimos que ele estava fechado... Sem luz! Provavelmente, um transformador deve ter estourado com o temporal, pois os sinais de trânsito também estavam apagados. Fazer o quê? Almoçar em outro restaurante! Assim fizemos e eu continuei agradecendo a Deus, dessa vez pela família amada que é meu presente maior. Teremos outras oportunidades de ir àquele primeiro restaurante.
Não sou de fazer festa de aniversário... Nesse ano, o dia não caiu no carnaval nem num final de semana, quando normalmente saímos para passear... Resolvi, então, reunir a família e alguns amigos para lanchar.Nada muito programado, as pessoas que ligaram, se “achegaram”. Tudo simples. Simples como eu sou.
Para completar a mágica do dia, por maiores que sejam as críticas às redes sociais (e eu também tenho minhas restrições), não dá pra negar o quanto elas aproximam pessoas que, na inexistência delas, estariam distantes. Foi gostoso demais receber o carinho “virtual” – e tão verdadeiro – de tantas pessoas queridas! Pessoas de diferentes lugares, que encontrei em etapas diferentes da minha vida, mas cada uma com um lugar especial no meu coração.
De noitinha, enquanto lanchávamos, as pessoas brincaram por eu ter colocado velinhas no bolo, declaração explícita dos meus 52 anos de vida. Até brinquei durante o dia, dizendo que as colocaria invertidas, 25... Mas não é que essa brincadeira se tornou um ponto de reflexão para mim? Com toda certeza do mundo, apesar das restrições físicas crescentes, não troco meus 52 pelos 25, de jeito nenhum. Até porque, só pra começar, se tivesse 25, teria ficado p. da vida por não ter dado o mergulho na praia e não ter ido ao restaurante planejado... A maturidade ensina que essas coisas são pequenas e não valem o nosso mau humor. Não troco meus 52, não! Tudo o que aprendi foi valioso demais. Cada cicatriz tem sua história... E não são poucas as cicatrizes, mas eu escolhi não remoer o que me fez mal, mas celebrar o que tenho aprendido e os amigos que a vida tem me presenteado! É tão melhor assim! Eu escolhi não mais querer agradar ninguém, mas ser quem eu sou, com erros e acertos, sendo coerente (na medida da minha humanidade) com o que penso e acredito, mesmo que desagrade alguém.Por outro lado, aprendi também que mudar de ideia não é vergonha, é sabedoria! Assim, fiz amizades muito mais verdadeiras! Não, não troco meus 52 anos de estrada! Mesmo que doa a coluna, o joelho, o pé... Mesmo que doa a saudade de quem não está perto, seja por que motivo for. Só sente dor quem caminha! Mais ainda, só sente determinadas dores, quem ama. O fato é que, doa o quanto doer, só o amor faz a vida ter sentido...Pelo menos, a minha! E não é frase feita, não.
Durante o dia, recebi muitas palavras de carinho... “Ao vivo”, por telefone, pelo face, pelo zap.... Diferentes formas, diferentes sotaques, mas sempre com uma verdade tão "gostosa". Na verdade de cada uma dessas palavras de carinho que recebi, senti forte em meu coração, as bênçãos de Deus. Bênção derramanadas sobre mim através de cada pessoa que a vida colocou em meu caminho. Sem elas, com certeza, eu seria bem diferente do que sou. 
Pelas felicitações que recebi, me toquei de que o sorriso é minha marca registrada.Que bom! Não tenho como negar que ele nasce da alma. Uma alma que, apesar de todos os ventos contrários, de todo cenário adverso, ainda acredita na vida e no amor entre as pessoas. Meu sorriso é o farol dessa alma inquieta que ama, mesmo sabendo que “amar dói”. Meu sorriso é resposta desse ser peregrino que se enxerga eternamente aprendiz e, a cada dia, descobre e redescobre que a missão abraçada se renova a todo instante. Meu sorriso é a expressão mais genuina da alegria que vem de Deus e que brota em cada encontro, renova-se a cada abraço ou palavra de carinho e se eterniza em certezas que palavras não descrevem. Meu sorriso - definitivamente - não é um sorriso facebookiano, a espelhar a alegria que todo mundo quer ver... E ter! Confesso que, às vezes, ele até faz parte da pose, mas o que vem de dentro sempre escapole e grita mais alto. Não faço parte - graças a Deus - da turma que vê o mundo cor-de-rosa, mas também, não o vejo em tons escuros e amendrontadores. Acho que, acima de tudo, meu sorriso é de esperança, de fé. Nasce do amor que me alimenta. 
De noite, custei a dormir, pensando numa forma de agradecer a todas essas pessoas, pelo bem que me fizeram durante esse dia e, muito mais que isso, pelo bem que me fazem a cada dia. Por elas, rezei, pedindo as bênçãos de Deus. Éra o que de mais precioso tinha a fazer! Assim fiz. Em seguida, acolhi os desejos de cada um em meu coração e, sorrindo pela alegria do amor, adormeci.