domingo, 22 de dezembro de 2019

A festa do Natal




Em sua infinita sabedoria, Deus criou o tempo... E inspirou o ser humano a fatiá-lo em anos, meses, dias, horas... No entrelaçar do tempo, mesclam-se alegrias e tristezas, vida e morte, frustrações e esperança. Como artesãos da vida, quando a linha com que bordamos o tempo é o amor, assumimos responsabilidades diante do que nos cerca. Em paralelo, somos agraciados com o sabor da experiência de Deus em todas as coisas, de todas as formas, a todo momento.


Na tecelagem do tempo, experimentamos o milagre da renovação. Justamente no findar do ano, celebramos a vida que nasce! No apagar das luzes, celebramos o raiar da Luz, no entardecer do tempo, celebramos a chegada do Menino Jesus. Justamente quando o cansaço nos rouba as forças, quando o desânimo sufoca nossa energia, quando a soma dos acontecimentos ofusca nossa capacidade de criar e transformar, a lembrança da manjedoura e o SIM da família de Nazaré nos resgatam a essência da vida e relembram-nos “para quê” estamos aqui. É o Natal que tece o milagre da esperança renovada, do desejo de fazer diferente e de sermos pessoas melhores. Porque Deus confia em nós, há esperança! Há esperança porque, para além dos ventos contrários, do nosso egoísmo, das feridas abertas na humanidade, do descaso com os mais pobres, existe um Deus que nos ama e não se cansa de nos chamar para sermos agentes transformadores dessa realidade que se escancara a nossa frente diariamente.


Natal é a festa da esperança que se concretiza a partir de um sim; do amor que se realiza na vida de todos os que abraçam o Essencial porque olharam para o céu e se dispuseram a seguir a estrela. Natal é a festa da alegria que nasce do Encontro e é capaz de preencher nossos vazios e transcender as intempéries da vida. É a festa da simplicidade que pulsa nos corações-manjedouras - aqueles que resistem à sedução das compras e mergulham no encantamento da partilha. Sim, Natal é festa, festa do coração, festa para a qual todos somos convidados!


Precisamos tomar para nós a responsabilidade de fazer com que o Natal aconteça nos corações independente de data! Precisamos ser manjedouras vivas no nosso dia a dia para que a alegria, o amor e a esperança possam ser partilhados sempre e a essência do Natal se faça verdade em todos os corações.


Quando dizemos que Natal é a festa do Amor, precisamos lembrar que amor não é um sentimento que se resume a abraços apertados e mensagens de afeto... Amor é comportamento, é atitude, é ação. Movimento em direção ao outro. Construção conjunta. Se não nos comprometermos com o Amor, tudo o que falarmos ou vivermos nesse tempo será efêmero.


Quando dizemos que Natal é a festa da esperança, precisamos lembrar nosso papel de instrumentos da paz e anunciadores da Boa Nova. Quando nos calamos e nos omitimos, deixando que o barulho do cotidiano ecoe pelos quatro cantos; dificultamos o florescer da esperança. Quando, por outro lado, nos damos conta de que existe em nós uma força que não nasce de nós, ganhamos a sabedoria do jardineiro que sabe a exata dimensão do seu papel e segue se encantando com o milagre da vida.


O convite é esse: vamos sentir o Natal nos mover e parar de esperar que “o outro” comece a escrever uma nova história! Vamos transpor as fronteiras – visíveis e invisíveis –  e caminhar decididos para abraçar o Menino Jesus, acolhendo-O! Deixemo-nos levar pelos sonhos de Jesus e vamos, juntos, assumir o compromisso de realizá-los! Unindo nossas forças e nossas fragilidades, juntos, como povo de Deus, seremos capazes, sim, de fazer acontecer a verdadeira festa do Natal.


Imaginemos que o Natal começa no dia 25 de dezembro de um ano e termina no dia 24 de dezembro do ano seguinte, quando iniciamos mais um ciclo de aprendizados e renovamos o compromisso de uma atuação responsável diante da vida. A novidade é essa: o ano novo começa quando abrimos nosso coração e deixamos nascer o amor, a esperança e a alegria e nos comprometemos a natalizar a vida dos que encontramos pela estrada. Feliz Vida Nova no acolhimento ao Menino que nasce!

                                                                                               Renata Villela

domingo, 21 de abril de 2019

Ele ressuscitou por nós !





Ressuscitou! Jesus ressuscitou, venceu a cruz, fez-se maior que a morte, mostrou-nos que o que parecia o fim era, por essência, o verdadeiro começo.

Temos vivido um tempo quase que de luto diário. Temos visto nossa esperança perecer diante de tantos absurdos que se somam ao longo o tempo. Somos bombardeados por más notícias e contaminados pelas forças do mal, que nos levam a crer que o mundo não tem mais jeito e que as pessoas estão num caminho sem volta. Eis, pois, nesse tempo conturbado, a melhor de todas as notícias: o Amor ressuscitou!

Nesse tempo de Páscoa ecoa em meu coração, tudo o que Jesus falou, ensinou e viveu. Ecoa também o chamado para me transformar diariamente. Acredito muito que a nossa experiência diária da transformação permite-nos contribuir efetivamente para a vitória da Luz, da Paz e do Amor.

Viajo por tudo o que aprendi, do Sermão da Montanha - que me lembra onde mora nossa verdadeira felicidade e me ensina que para ser bendita é preciso diminuir - até o Pai Nosso, que me provoca a perdoar a todos (inclusive a mim mesma).

Nessa viagem relembro que não posso deixar meus talentos enterrados, que a “lógica” de Deus não é a minha, que Marta e Maria se complementam no exercício do discipulado e que o AMOR é o maior de todos os mandamentos.

Verdade.... Tantas são as tentações que nos rondam ao longo da caminhada!!! Que estejamos atentos: não queiramos a perfeição, porque Ele veio para os imperfeitos, mas jamais desistamos da busca pela santidade. Sabemos que santos não foram pessoas perfeitas, mas aquelas que sabiam seu ponto de partida e de chegada e encararam todas as pedras e quedas como parte do caminho, oportunidades de crescimento. Jesus ressuscitou para acolher nossa pequenez, perdoar nossos pecados e nos fazer entender que Seu Amor é maior que todos os nossos espinhos.

Do mergulho em todos os aprendizados e lembranças, a maior e melhor de todas, a que embala nossa fé: Jesus ressuscitou por amor a cada um de nós, sem exceção! Ele ressuscitou para nos recordar que a cruz faz parte da caminhada de todos os que assumem o SIM ao projeto de Deus. Não é fácil! Nunca será, mas, agora, - lembra? - vibra a certeza que nos impulsiona a não desistir: Ele ressuscitou! Ressuscitou para resgatar, em nossos corações, a convicção de que mesmo que a dor chegue, as feridas cicatrizarão porque a dor não tem fim em si mesma.

Jesus ressuscitou para nos inquietar, mostrando-nos que, muitas vezes, faz-se necessário deixar algo morrer em nossas vidas, desapegar do que é relativo para que ressuscite o Absoluto em nossos corações, ressuscite o Eu Novo que descobre a “graça” da vida nova a cada encontro.

Feliz Páscoa a todos e a cada um em especial, com a coragem de deixarmos pra trás o vício de fixar o olhar no chão, como lagartas que rastejam sem a verdadeira dimensão do horizonte! Feliz Páscoa, com a coragem de nos lançarmos ao voo da vida verdadeira, com todos os seus riscos e todas as flores por pousar... Feliz Páscoa com sabor de Infinito!

Que o Cristo ressuscitado nos inspire, nos fortaleça e abençoe nossos passos e nossos voos!!!

                                                          
Renata Villela

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Deus de todos os nomes


O meu Deus chamou-se Javé,
Aquele que é,
acima de todas as coisas,
para além de todos os nomes.
Aquele que pulsa
onde quer que haja corações carentes
e, ao mesmo tempo, amantes.

Deus é um só, Aquele que É!
Habita no coração de toda gente que pratica o bem
e, também,
bate insistentemente na porta
dos que não o praticam...
Deus não exclui ninguém!
Ele é o Todo e o Tudo,
é abraço, é enlace, é perdão!

Deus não é meu, Ele é de todos nós!



É o Puro Amor que ensina fraternidade,
Aquele que pulsa para além das opiniões
e das religiões.
que se concretiza em comportamentos e alianças
e nos faz como crianças
que têm brilho próprio no olhar.


Que importa se O chamam de Buda ou Oxalá,
Brahma ou Tupã?
Deus é o Deus do ontem, do hoje e do amanhã,
Dono do tempo,
Deus de todas as raças, de todos os povos
com todos os rostos,
Criador do Céu e da Terra,
Semeador da Paz.


É essa paz que Ele me inspira a também semear...
E é desse Amor que traz a paz,
que faz a paz,
que sou eterna aprendiz.

Eu ? Eu encontro Deus na natureza,
na beleza de encontros,
no silêncio da oração.
Meu Deus é Trindade,
meu Amigo é Jesus,
O Pobre de Nazaré,
Filho muito Amado de Javé!
É Jesus quem me ensina,
a partir de Seu legado,
de Suas palavras e de Suas ações
que o Amor é essência,
traz paciência e tolerância,
jamais cultiva julgamentos ou separações.

Amor de Deus e em Deus é verbo.
Amar sempre implica comunhão,
integração que nasce do respeito
aos que pensam de modo diferente,
aos que vivem de forma diferente.
Quem não entende essa premissa
não tem como colar no peito
e gritar ao vento
o título de cristão...
Até porque cristão não tem título,
não põe rótulos,
sabe-se pequeno, entende que é aprendiz.

Senhor,
entre tantos julgamentos
e falta de entendimento,
recolhe pelo caminho,
as ovelhas perdidas,
cuida de suas feridas,
e sussurra para elas,
a sutileza de Seu Amor.
Com todo carinho,
faz com que entendam a Sua Verdade,
para além de conceitos e preconceitos,
de soberba e vaidade.


Senhor,
nesse tempo de tanta discórdia,

tende misericórdia de nós !

Renata Villela - Fevereiro/2019

sábado, 26 de janeiro de 2019

Aprendizes da Lama


A minha alma chora sufocada
pela poeira que virá…
Meus olhos e meus ouvidos assustados
indignados com o que veem e escutam:
novos pés atolados na lama,
tantas vidas ceifadas pela gana
de querer mais
e fazer menos o que realmente importa.
Novamente a lama toma conta de tudo
novamente o Brasil em luto
por irresponsabilidade de alguns.


Justamente nesse tempo
em que se discute a revisão das leis de preservação do meio ambiente
em prol da produtividade
a natureza dá seu recado,
mostra-nos a verdade
que fica escondida sob cifrões…

Quantas Marianas e Brumadinhos serão necessários
para sairmos desse aquário
que nos impede de chegar ao mar?
Quantas vidas serão perdidas na lama?
Quanta grana será acumulada sob a crueldade que subjuga o ser humano?


A tristeza que afoga minha alma
insistindo pela desesperança
não há de ser maior do que a confiança que tenho em Deus
e na humanidade.


Haveremos de mudar o rumo da história…
A memória desses fatos não pode ser apagada
e a fogueira de nossa coragem há de ser reacendida
pela consciência de sermos nós,
os escritores do que está por vir…


E nós escreveremos uma história nova
respeitando a natureza e todos os seus filhos
dando valor ao que realmente tem valor
e reforçando a cor da vida em todas as estações.

Eu acredito!