sábado, 19 de dezembro de 2020

Mensagem de Natal

 Dezembro chega de um jeito diferente... Menos colorido, menos vibrante... Parece vir coberto de uma nuvem de saudades e medos, de incompreensões e lutos. Chegamos a ele com sede de esperança, de alegria e paz!

 Impossível pensar dezembro sem associá-lo ao Natal e ao Ano Novo. O isolamento social impede as festas! Vivemos diante do inesperado. Talvez, a primeira sensação seja de que perdemos o caminho para a fonte que nos reabastece. Depois, aos poucos, bem lentamente, vamos compreendendo que há algo escondido nesses acontecimentos, que nos chama a novas descobertas, a novos aprendizados, a novas formas de ser e viver. Há um vazio que precisa ser preenchido! E se deixarmos, será! Estamos diante de uma bela oportunidade de re-significar “os encontros” e o verdadeiro sentido desse tempo.

 Vale lembrar que há mais de dois milênios, os moradores de Belém negaram hospedagem a um casal de migrantes, pobres, peregrinos, possivelmente sujos pela poeira da estrada. Ela, grávida, prestes a dar a luz, encontra um único lugar para descansar e acolher a chegada de sua criança: um estábulo! No meio das pessoas, não houve lugar para o Menino nascer. Foi no meio dos animais que o Pequenino veio ao mundo... Na periferia! Na periferia de Belém, Maria e José receberam o Menino Jesus. Os primeiros a encontrá-los foram os pastores... Justamente os pastores, povo excluído da época. Assim, Maria, José, o Menino Jesus, os pastores e os animais nos trazem, nessa cena, o recado que Deus quis (e quer) nos dar. Compreendemos?                                                                                                                                                                                                        

Contemplar essa cena nos permite algumas reflexões. Jesus nasceu “migrante”, como tantos para os quais a nossa sociedade olha com discriminação. Jesus nasceu na periferia, em meio aos excluídos... E onde nós O procuramos? A estrela-guia aponta o caminho, mas estamos com os olhos fixos nas telas dos smartphones, incapazes de olhar para o Alto (ou para os lados)... Assim temos vivido por anos e anos. Focados em nós mesmos, passando superficialmente pelos fatos e pelas pessoas que nos cercam. O ano de 2020, com tudo o que nos obrigou a viver, lança-nos perguntas avassaladoras: o que temos feito de nossas vidas?  O que temos feito de nossas relações? O que temos feito de cada novo dia em que despertamos e nos damos conta de que estamos vivos?

Diante da cena da manjedoura e desses questionamentos, vamos fixar nossos olhos no Menino Jesus? Tão frágil... Tão criança... Deus que chega até nós no meio das palhas de um estábulo. Simples, humilde, sem nada em seu entorno e, em outra perspectiva, com tudo o que é necessário: o amor!

Sim, é tempo de Natal! Um Natal que nos convida a reconhecer o presente como um tesouro precioso! Não aquele comprado, mas o que recebemos gratuitamente, depois do ontem e antes do amanhã. A experiência do hoje é o que precisamos degustar. Com a saudade dos abraços apertados e dos encontros com a família, somos chamados a cultivar o intangível! Somos convidados a ser “amigos declarados”, a estar presentes na vida de quem amamos, mesmo com as mãos vazias e de forma virtual. Somos chamados a despertar sorrisos, mesmo que não os vejamos por causa das máscaras, a encontrar olhares e mergulhar no mais profundo de cada alma. Na experiência do hoje, somos chamados a nos conectar com as famílias que estão com pessoas nos hospitais, nas ruas ou em suas casas, com as mesas vazias. Somos “empurrados” a nos reconhecer vulneráveis, pequenos , frágeis e compreender que quando tudo nos falta, há somente uma força: o AMOR!

 Que o Menino Jesus, junto com Maria e José, nos inspire a resgatar a essência das coisas que são realmente importantes! Que tudo o que estamos vivendo ao longo desse ano nos movimente a ser pessoas melhores! Que, na noite de Natal, estando fisicamente juntos ou separados das pessoas que amamos, lembremos que o AMOR transcende qualquer barreira e, assim, sintamos nossos corações se abraçarem, formando uma corrente sem começo nem fim. Que sejamos gratos por nossa vida e pela vida dos que amamos! Que sejamos gratos, inclusive, pelo inesperado que chegou a nós, com certeza, trazendo aprendizados! Que alimentemos a esperança e fortaleçamos nossa coragem para lutar pelo que acreditamos! Acima de tudo, que nunca, sob nenhuma hipótese, deixemos passar a oportunidade de amar e de cuidar de quem Deus colocou em nosso caminho!

 Que o Natal seja de paz e que sejamos manjedouras de esperança e de amor ao longo dos dias de 2021!

                                                    Renata Villela  

sábado, 21 de novembro de 2020

Cristo Rei




Jesus é nosso rei,
rei dos excluídos, dos marginalizados,
rei dos oprimidos, dos hospitalizados,
rei dos que não têm para onde ir.

Jesus é nosso rei,
rei dos trabalhadores e dos desempregados,
dos migrantes e dos desabrigados,
rei de quem esqueceu como sorrir.

Jesus é nosso rei,
rei dos idosos, dos jovens e das crianças,
dos que, mesmo no escuro, cultivam a esperança,
rei de quem chora, mas teima em cantar.

Jesus é nosso rei,
rei dos esquecidos e dos desanimados,
dos heróis sem capa e dos refugiados,
rei dos que persistem em lutar.

Jesus é rei de todos, sem distinção,
para além de qualquer fronteira,
rei que desmonta barreiras,
sem armas, sem munição.

Jesus é rei da solidariedade,
do respeito às diferenças,
da igualdade de direitos,
rei da vida, 
constituída na diversidade.

Jesus é nosso rei,
pequeninos que somos,
frágeis e vulneráveis que somos,
é NELE que pomos
as sementes da esperança
de que a noite vai amanhecer.
É NELE que descansamos
para ver novo dia nascer.
Renovados, é NELE que pomos
a confiança de que tudo será melhor.
Sim, será ! 
Pois Jesus é o rei que tece a vida
com sua harmonia
e instiga nosso ânimo para que nossa cantoria
termine sempre em tom maior.

                                        Renata Villela

domingo, 10 de maio de 2020

Conversando com Maria



Maria, Minha Mãe, Mãe de todas as mães,

antes de mais nada, quero dizer que vou substituir o “senhora” por você... Estamos tão carentes de intimidade..... Quem lhe escreve é o nosso coração!

O que mais desejamos – e precisamos – é sentir sua presença maternal para nos explicar – com carinho – o que não estamos conseguindo entender...  E para nos consolar em nossos medos e apreensões. Você é nossa maior referência de presença serena e, ao mesmo tempo, firme! Acolhendo a dor, sem fingir que ela não existe, você cultiva a FORTALEZA que brota – feito flor no meio de ervas daninhas – nos corações dos que creem e confiam no Deus que não abandona!

Sua fé nos encanta, Maria, e queremos ser contagiadas por ela! Queremos aprender e reaprender diariamente a ENTREGAR – sem segurar em nenhuma pontinha – nossas vidas e as de nossos filhos nas mãos do Pai. Seguindo seu exemplo, queremos dizer: “sim, que seja feita a vontade do meu Deus”, reconhecendo-nos pequenas e vulneráveis, mas infinitamente amadas e cuidadas por Ele.

Nesse dia das mães, não dá pra desejar que seja FELIZ, assim com todas as letras maiúsculas, mas desejemos que seja pleno de novos significados e aprendizados...

Abraço de mãe sempre teve sabor de porto seguro para os filhos...Abraço de filho sempre teve sabor de gratidão para as mães... Sorriso de mãe sempre significou “vai dar certo” para os filhos...Sorriso de filho sempre significou “tudo vale a pena” para as mães... Hoje, precisamos aprender a viver sem os abraços e com sorrisos virtuais... Não tem sido fácil! Por isso, Mãe, entregamos em seu coração, as nossas inquietações. Sabemos que você pode nos ajudar a transformá-las em movimento!

Entregamos também nossa tristeza e empatia por tantos filhos obrigados a se despedir precocemente de suas mães e por tantas mães que ruminam o corte precoce na convivência com seus filhos...  Entregamos ao seu Sagrado Coração, todas essas pessoas para que, através de seu amor, de alguma forma, a esperança e a alegria possam retornar a esses corações.

Mãe amada de todos nós, ensina-nos a ser discípulos e missionários nesse tempo tão inusitado. Mostra-nos o real significado da palavra ENCONTRO, alimenta nossa esperança e acolhe-nos como crianças assustadas, surpreendidas num jogo que nunca aprenderam a jogar.

Mãe amada de todas nós, intercede junto a seu Filho, por nossa paz e coragem, por nossa consciência e serenidade. Impulsiona-nos, Mãe, com a força da sua fé, a sermos protagonistas na construção de um mundo novo, de um tempo novo...  Se cairmos, ajuda-nos a levantar, a persistir acreditando que somos responsáveis por desenhar o caminho a caminhar! Se nos cansarmos, ajuda-nos a recuperar a energia, a continuar trabalhando para que todos os filhos assumam o papel de semeadores do bem. Se chorarmos, relembra-nos a alegria do amor que tudo supera e anima-nos a distribuir sorrisos para ensolarar a vida!

“Mãe, cuida de nós,
Ouve nossa voz
E ilumina nossos corações
Com sua luz”

                                                                                                             

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Tempo de parar




Tempo de parar,
reavaliar conceitos,
analisar possibilidades,
rever escolhas.

Tempo de parar,
dispensar preconceitos,
repensar prioridades,
descobrir novos sabores.

Tempo de aquietar,
sair da turbulência de fora,
valorizar o agora,
ajustar o ritmo da vida
às nossas pulsações.

Tempo de se recolher
e colher os frutos
do que foi semeado...
E semear os grãos
do que desejamos colher
nas próximas estações.

Tempo de criar
alternativas que tragam temperança,
espaços para cultivar esperança
e oportunidades de sorrir e brincar
para despertar em nós,
a criança que aponta para novas manhãs.

Tempo de integrar:
passado e futuro
na experiência profunda do presente;
medo e entusiasmo
na experiência da fé
que sustenta nossos passos
e nos mantém de pé.

Tempo de escutar o inaudível
e respirar a brisa suave
que vem do Espírito de Deus.
Tempo de abraçar o invisível
e acreditar que o impossível
não existe no dicionário de Deus.