domingo, 12 de dezembro de 2021

Mensagem de Natal 2021

 



2021 foi mais um ano marcado por sentimentos difíceis de lidar...Medo, frustração, angústia, saudade, solidão... Dores diferentes tocaram nossos corações... Nesse contexto, fiquei me perguntando sobre o que (e até como) escreveria uma mensagem de alegria e esperança com a chegada do Natal.  Algo que fosse de dentro para fora e que fosse legítimo.

Eu sempre vejo a “virada do ano” como um tempo de renovar as esperanças. É um rito necessário para enterrarmos o que passou e semearmos o que virá, guardando memórias e alimentando sonhos. Acontece que acabamos nos contaminando pelo o acúmulo das más notícias que chegam até nós. Para sair desse redemoinho, precisei abrir meus olhos e ouvidos para ficar mais atenta aos sinais de Deus e encontrar o que eu queria dizer às pessoas.

Como Deus nunca falha, num dia desses, olhando pela janela, vi uma jovem caminhando e dançando pela calçada... Uma  cena contagiante! Em vez de simplesmente caminhar, ela vinha dançando. Pareceu-me que ouvia uma música interior e seu corpo se deixava levar pela melodia. Ela dançava e transmitia uma alegria linda de ver. Em plena manhã de um dia comum de semana, a jovem dançava, livre e plena! Eu, contagiada por aquela alegria, fiquei me perguntando sobre o que teria feito essa jovem dançar e perguntei-me, também, o que me faria sair pelas ruas dançando... Entendi que só um coração consolado (transbordando amor)  é capaz de dançar!

Assim, começo a falar do Natal: uma festa que nos encanta por esse Deus que se faz criança, vulnerável, e escolhe nascer no seio de uma família pobre, migrante...Esse Deus que se faz gente para que sintamos o quanto temos de sagrado em nós. Esse Deus que, em Jesus, nos inquieta com a sucessão de paradigmas que vai quebrando ao longo de sua vida, mostrando que nada é mais importante do que o amor e as ações que brotam dele.... Sim, porque não há AMOR sem ações concretas. Independente de ser uma festa cristã, o Natal é um convite ao Amor, o amor que queremos ver chegar a todas as pessoas, de todos os lugares, etnias, crenças e não crenças. O que mais importa é  dizer SIM a esse Amor que quer nascer em nós!

Depois de ver aquela jovem dançando, senti vontade de transformar essa mensagem nesse convite que transborda todos os meus desejos:

- que sejamos mais tolerantes uns com os outros, respeitando nossas diferenças e crescendo com elas;
- que a dor “do outro” nos inquiete e nos movimente a sair da acomodação e a olhar além de
nossos próprios umbigos;
- que compreendamos a essência de tudo o que Jesus nos disse e desapeguemos de algumas regras, que mais nos afastam do que nos unem a Deus e às pessoas;
- que vivamos a essência de todas as religiões, que é o amor, respeitando (mesmo quando não concordamos) o que nos diferencia; criando pontes e não muros;
- que tenhamos consciência de que não somos melhores nem piores do que ninguém e que, assim sendo, tenhamos a humildade para pedir perdão toda vez que pisarmos na bola e, por outro lado, a ternura necessária para perdoar quem nos magoa;
- que aprendamos com nossos erros e que alimentemos a coragem de sermos pessoas melhores;
- que nos entendamos como parte (e não donos) do planeta e que cuidemos melhor de Nossa Casa;
- que sejamos engajados com as causas da humanidade e que tenhamos a sensibilidade necessária para ver as feridas escondidas em tantos corações, a disponibilidade para caminhar ao encontro dos que precisam de nós e a compaixão que nos irmana.

E que, ainda que incomodados, inconformados, entristecidos com todas as mazelas da vida, tenhamos sempre motivos para dançar na rua, nas igrejas, nos parques ou no cantinho mais íntimo de nossas casas, por causa da esperança que nos constitui e que deve nos movimentar para o bem comum. Que consigamos mergulhar fundo em nossa alma e, diante da Criancinha que escolheu nascer em nossos corações, possamos dar graças por tanto Amor. E que a certeza desse Amor que não nos desampara, que acolhe a cada um de nós do jeitinho que somos e que prometeu jamais nos abandonar embale nossos passos, para além de nossas lágrimas, na linda dança que nos faz mais leves e que contagia outras pessoas a também dançar.

 

Renata Villela  - Dezembro/2021