Hoje
olhei o mar de um jeito diferente,
percebi
que nas idas e vindas
as
ondas molham a areia
e
trocam os grãos de lugar.
Assim
como a vida da gente
banhada
por cada maré
nunca
volta a ser o que foi
e
só pode ser vivida como é.
Vida
que muda a todo instante,
eternamente
mutante,
a
desafiar nosso desejo de ancorar
em
porto seguro.
Vento
vem do litoral
levando
pra mais adiante
certezas
agora molhadas,
salgadas
incertezas.
Vida
banhada pelo bem e pelo mal,
remada
por nossas mãos
e
por nossos corações,
às
vezes carentes,
outras
vezes, transbordantes,
confiantes,
ora
tementes
por
não poder prever o que será
depois
que cada onda passar.
A
cada onda, fraca ou forte,
vem
a morte de um estado
e
nasce uma nova praia,
diferente,
nem
melhor nem pior.
Espumas
branqueiam o azul
que
perde a transparência
assim
como perdemos a inocência
da
criança
e
ganhamos a inocência
da
esperança
a
cada redemoinho vencido,
a
cada ressaca acalmada.
Hoje
olhei o mar de um jeito diferente,
não
mais como aquela criança
que
faz castelos na areia,
que
pula as ondas sorrindo,
e
acha que o mar é infinito
quando
abraça o céu.
Agora,
em meio a esperança,
aos
sonhos e aos desejos,
há
medos indo e vindo,
por
vezes jogando um véu
no
que há de mais bonito
entre
o hoje e o amanhã,
dando
um tom de realidade
ao
mistério que faz a noite
virar
manhã
e
a manhã entardecer.
Ondas
que molham a areia
e
a transformam
formam
as praias que encantam
com
tanta beleza.
Ondas
que molham a vida
e
a transformam
formam
as histórias que nos tocam
com
a sutileza
da
presença de Deus.
Hoje
olhei o mar de um jeito diferente,
consciente
de que tudo é passageiro
e
que passageira sou
caminhante
eu sou,
deixando
marcas que o mar apaga,
porque
é assim que tem que ser.
Olhando
o mar encontrei o que é eterno,
o
terno abraço de Deus
que
a tudo dá sentido
e
faz tudo ser bonito
mesmo
quando traz dor.
Olhos
que olham com amor,
amam
o mar,
amam
amar
mesmo
quando sofrem com as tempestades.
Olhos
que olham o mar
entendem
que o amor
é
sempre maior que as tempestades
que
passam.
Olhos
que enxergam o Amor,
olhando
o mar,
compreendem
as lições que a vida ensina
e
não temem deitar na areia
e
se deixar banhar.
Renata Villela