Maternar
Existem
coisas que exigem centenas de palavras para que cheguemos à sua tradução completa;
já outras, transcendem todas elas juntas... A maternidade é uma dessas palavras
que nos colocam de frente com nossa incompetência linguística, se é que podemos
dizer assim.
Maternar é
um verbo que parece brotar dos corações, transformando-os! É um verbo que traz
a imagem da fonte que jorra a água mais límpida!
São
privilegiadas as pessoas que maternam. Privilegiadas também são as que são
maternadas. Maternar é mais que gerar! É amar incondicionalmente, é cuidar
initerruptamente, é se entregar absolutamente.
São felizes
as mulheres que geram seus filhos e acompanham semana a semana o
desenvolvimento do embrião que se faz feto, do feto que se faz criança. Somente
quem viveu essa experiência é capaz de compreendê-la. Hoje penso, entretanto,
que a felicidade da maternidade vai muito além da gestação e do parto. Felizes
as pessoas que maternam sem terem gerado, que cuidam por opção, que se entregam
ao desconhecido que, por amor, torna-se
parte de uma vida maior.
Existem mães
de todas as idades... Desde a menina que ainda na infância se vê com a
responsabilidade de cuidar dos irmãos menores até a avó que assume para si a
competência maternal que, por mil motivos, não foi devidamente absorvida pelos
pais. Existem mães que planejaram com todos os detalhes a vinda de seu bebê e
aquelas que foram tomadas de surpresa e, ainda que no susto, disseram e
assumiram seu sim. Existem mães que foram em busca de seus filhos – nascidos de
outras barrigas – nos cantos mais escondidos do país...Ou do planeta. Existem mães paparicadas pela família e mães
solitárias e abandonadas ao destino. Existem mães com condição de suprir seus
filhos de todas as suas necessidades e mães que encaram toda privação para
garantir o mínimo necessário à sobrevivência de sua “cria”.
Por incrível
– e até absurdo que possa parecer para muitos – maternar não é um verbo
específico do sexo feminino....Existem homens que maternam de uma forma muito
mais intensa e plena do que muitas mulheres! Maternar também não tem ligação direta
com a fertilização do óvulo, com as 40 semanas de gestação, com as dores do
parto nem com a vivência numa mesma casa. Existem muitas mulheres que
engravidaram, pariram, colocaram seus filhos no mundo – literalmente – e nunca
maternaram... Quem materna, não explora, não abandona, não espanca, não mata.
Maternar implica nesse amor que dá a vida.
Quem materna
sabe o que são noites sem dormir, sabe o que é andar pé ante pé ao quarto, no meio da
madrugada, para acompanhar a respiração do bebê, sabe o que é a angústia da
febre que não abaixa e do telefone que não toca. Quem materna entende a emoção
do primeiro passinho, da palavra balbuciada, do sorriso que escapole, do abraço
apertado...Uuupaaa!!!! Quem materna sabe a ansideade que faz o coração disparar
na espera do resultado do vestibular, nas viagens com os amigos e nas
conquistas, sejam elas que dimensão tenham.
Eu quero
celebrar o dia das mães que maternam, dos pais que maternam, dos avós que
maternam, dos irmãos que maternam. Mais, muito mais do que isso, eu quero
celebrar a vida de todos os que maternam e reacendem – diariamente – a chama do
amor no mundo. E quero lembrar que
maternar é um verbo que transcende a vida, vai além da vida, pulsa na
eternidade. Materna que vive a esperança e quem vive a saudade. Materna quem
ama e, quem ama, sabe que o amor não conhece limites, fronteiras nem quebras.
Amor maternado transforma, transborda, transcende e constroi pontes para muito
além do aqui e agora. Amor maternado implica certezas: de encontros e
reencontros, de perdões e recomeços, de sorrisos que se sobrepõem a lágrimas e
de histórias que não têm ponto final.
Renata Villela –
Maio/2015