Há 15 anos escrevi esse texto....Passado tanto tempo e ainda tenho tanto a aprender com ele....
A humanidade de Pedro é algo que
contagia !
Pedro não tem nenhuma pretensão em ser
um deus, perfeito e superior às fraquezas. Pelo contrário, homem simples no
meio de tantos outros iguais a ele, Pedro sintetiza a diversidade dos
sentimentos que marca nossas caminhadas.
Se, por um lado, ele foi ousado e se
arriscou a caminhar sobre o mar a chamado de Jesus; por outro, no meio do caminho, ele se
acovardou, sentiu medo e afundou.
Se ele seguiu Jesus com a convicção de
quem encontrou o Mestre, teve também seu momento de duvidar, de questionar, de
não compreender.
Se ele vacilou em jogar a rede ao mar,
desconfiando do sucesso de sua pescaria, também ele deixou-se levar pela fé que
impulsiona a uma atitude concreta, na busca do que se deseja e presenciou o
milagre da rede transbordando de peixes.
Se ele se acovardou diante dos soldados
romanos, negando Jesus por três vezes, foi ele o que disse Sim e que viveu o
sim ao compromisso de edificar a igreja.
A dignidade de Pedro é que o engrandece
: a integridade de um homem que reconhece seus erros e não tem vergonha de voltar atrás; a
simplicidade de um pescador que assume suas dúvidas e incompreensões mas é
capaz de superá-las pela força de sua fé. A dignidade de Pedro é que o
engrandece: a coragem de um apóstolo que, ainda que tendo momentos de medo e
indecisão, levou seu amor a Deus até as últimas conseqüências; a perseverança
desse discípulo que, mesmo por vezes vacilando, escorregando, não desistiu,
superou-se a si mesmo e cumpriu a sua missão.
Que seja Pedro, para nós, um exemplo de
conversão, daquela conversão diária que aperfeiçoa nosso exercício de viver.
Que seja ele, não o exemplo da
perfeição, mas o da imperfeição que se corrige a cada instante, que se
transforma a cada atitude, que se supera por causa do amor que dá um novo sentido a cada passo, fomentando a
vontade de levantar a cada tropeço e de sempre recomeçar a pescaria, na
esperança dos peixes, mesmo após dezenas de redes vazias.
Renata Villela
Grupo
OPA - Junho / 2001