Das nossas origens, da miscigenação das raças, herdamos um jeito de ser eclético, criativo e original. Convivemos com as dificuldades da labuta do dia-a-dia mas não deixamos de lado a alegria de quem vive com o coração dançando no ritmo de cada pulsação. Herdamos a experiência maternal, o convívio com a natureza e a parceria entre homem e mulher dos povos indígenas; a cultura, a religião e a postura feminina dos povos europeus e da África, o suor e a lágrima, a força e a coragem das escravas. Assim nascemos nós, mulheres brasileiras !
Se já houve o tempo em que não tínhamos direito ao trabalho, ao voto, nem sequer a dar opiniões, a ter voz, hoje representamos mais da metade da população produtiva de nosso país.
Independente das classes sociais a que pertencemos, não tem sido fácil levantar a bandeira de “ser mulher” com dignidade e honra.
Entre nós, estão as mulheres mais pobres, que desde cedo ganham as ruas, as casas de família ou os sub-empregos e se tornam as mães que se vêem eternamente divididas entre sair para batalhar o ganha-pão, fazer um curso supletivo e, ao mesmo tempo, ter que deixar seus filhos pequenos trancados em casa sozinhos.
Entre nós, estão as mulheres mais favorecidas, que sentem a necessidade de se tornarem profissionais competentes, pós graduadas, atropelam o tempo entre cursos e concursos e se tornam as mães já quase virtuais, obrigadas a deixar seus filhos nas creches, nos cursos, na casa de colegas, vendo a Terra girar pela Internet.
Sobreviver aos apelos comerciais, às necessidades pessoais, às crises sociais é, sem dúvida, o grande desafio de cada uma de nós, mulheres do novo milênio.
Alimentar o romantismo de adorar receber flores do homem amado, amamentar os filhos sabendo que é essa a base primeira de todo crescimento bio-psicológico, manter-se informada, ler, assistir noticiário, estudar. Trabalhar, suar, aperfeiçoar-se a cada dia... Ser mãe, filha, esposa, chefe ou subordinada, estudante, cidadã... Não é fácil ser mulher em nosso tempo !
Mulheres brasileiras, heroínas, sim ! Trabalhadoras, sensíveis, desbravadoras de um mundo que está por vir !
Não importa se das mãos calejadas das lavadeiras ou se das mãos higienizadas das cirurgiãs; não importa se das mãos que remexem o lixo das limpadoras de rua ou se das mãos bem tratadas das aeromoças; não importa se das mãos que seguram o lápis para rabiscar letras mal traçadas ou se daquelas que digitam monografias... Não importam quais são as mãos... Importa é a certeza de que são nas mãos de cada uma dessas mulheres e de todas elas juntas, que desperta um novo futuro para nosso país!
Dessa conquista, nasce a responsabilidade e o comprometimento. Desta nova realidade, nasce a possibilidade de uma sociedade mais justa onde homens e mulheres não concorram entre si mas sejam parceiros, partilhando a fortaleza de seu sexo frágil ou a fragilidade de seu sexo forte, com a vida focada numa única direção: a felicidade e a paz.
Renata Villela
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