Eu conheço quem considera a virada do ano uma
grande bobagem, já que é apenas mais um mês que termina para dar início a
outro. Não posso dizer que esta seja uma constatação errada, mas defendo a
máxima de que o ser humano precisa de ritos e a “virada” é um desses ritos
importantes para nos manter vivos (e não apenas sobreviventes de uma era
desordenada e doida!).
Ainda que durante o ano façamos promessas de
mudança, planejemos realizações, revisemos nossa caminhada, é nessa época do
ano que passamos a limpo tudo o que fizemos e deixamos de fazer e
colocamo-nos cara a cara com nosso próprio eu, numa espécie de prestação de
contas.
É chegada a hora de nos esvaziar de tudo o que nos
causou estresse, provocou mágoas, abriu feridas e fez sofrer. De
tudo isso, como mandava a velha matemática, noves fora, fica o
aprendizado para vivermos melhor, mais conscientes de nossos limites, de nossas
fragilidades, de nossas necessidades e dos trunfos que trazemos para ganhar os
campeonatos que a vida nos propõe (ou impõe).
É chegada a hora de fazer um check list de nossos compromissos para o ano novo, escrever numa folha de
papel, colocando prazos. Criar metas para nós mesmos é um excelente exercício
de desenvolvimento pessoal. Corremos o ano todo para cumprir metas estabelecidas
pelos outros e para os outros. Criar metas para nós mesmos é uma forma de
declarar nosso amor pela pessoa que somos, buscando ser melhor a cada dia, não
para atender expectativas e padrões, mas para tornar visível o desejo que nos
move: queremos ser felizes.
E felicidade é o tipo da coisa que muda conforme o
dono: para uns, ser feliz é ter saúde, para outros é ter dinheiro; para uns, é
ser livre, para outros, é estar amarrado a alguém; para uns, é viver aventuras,
para outros é ter estabilidade; para uns, é ter um corpo bonito, para outros, é
viver numa sociedade bonita; para uns, é dormir tranquilo todas as noites, para
outros é ter todo segundo ocupado; para uns, é sentir-se sempre desafiado e
superar-se, para outros é sentir-se recompensado e aconchegado num ponto de
chegada; para uns, é ver felizes, as pessoas com quem convive, para outros é
fazer o possível para que o máximo de pessoas esteja feliz. Não importa qual
seu conceito de felicidade, importa é não cruzar os braços, deixando que ela passe
pelo lado de fora.
É chegada a hora de abrir as portas de nossos
corações e deixar com que sejam invadidos por nossos sonhos e esperanças, por
todos os nossos desejos , dos mais simples aos mais complexos, os que só
dependem de nós e os que dependem de toda uma conjuntura. É bom saboreá-los
todos, indistintamente, para depois, sim, avaliarmos em quais precisaremos
investir nossa energia.
Realmente, quando os relógios apontarem meia-noite,
os fogos estourarem no céu, as pessoas se abraçarem, a Terra não vai mudar sua
rotação nem sua translação, as guerras e atos terroristas não acabarão,
abóboras não se transformarão em carruagens, sapos não virarão príncipes, a
corrupção continuará “comendo pelas beiradas”, cidades continuarão perdendo a
guerra contra a força da natureza... Somente uma coisa poderá mudar nessa
virada de ano: nossas atitudes !
É certo que todo minuto da vida é oportunidade de
mudar, mas já que o mundo nos faz esse convite explícito para virarmos uma
página de nossas vidas, eu proponho que digamos sim e iniciemos um novo
capítulo de nossa história.
Que vivamos esse rito com alegria, com fé e com
coragem, que assumamos o compromisso de sermos promotores da paz através de
nossas atitudes diárias e que, mesmo que pulemos sete ondinhas, que coloquemos
o pé direito na frente, que comamos lentilhas, guardemos em nossos
corações a certeza de que somos nós os responsáveis pelo que fazemos de nossas
vidas!
E que façamos de nossas vidas o mais bonito
presente para a humanidade!
Renata Villela (dezembro/2013)
Você é realmente um fenômeno que nem Deus deve saber como construiu um ser humano tão puro e verdadeiro. Te amo minha "godinha".
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