Dai-me,
Senhor, olhos no coração
para que eu
seja capaz de enxergar
os invisíveis
espalhados por nossas ruas.
Pessoas.
Sim, pessoas!
Apesar das peles
ressecadas, das unhas sujas,
das faces transfiguradas,
das roupas rasgadas,
e dos sorrisos
roubados numa madrugada qualquer,
pessoas!
Identidades
perdidas em meio às feridas do abandono,
vidas sem
dono, sem sujeito, sem protagonismo,
espelhos da
esquizofrenia social.
Dai-me ,
Senhor, sensibilidade para trasnpor
a invisibilidade
dessa gente encostada nos muros,
no escuro
sofrido debaixo do sol.
Dai-me a
coragem de me expor
aos medos
que a sociedade derrama em mim,
e faz calar meus
gritos
e paralisar meus
movimentos.
Que eu saia
da comodidade para a ação,
indo ao
encontro da realidade imunda
dos
submundos que criamos com nosso jeito de viver.
Dai-me,
Senhor, a percepção do que sou
e do que não
sou,
do que faço
e do que não
faço;
e de tudo o
que desfaço
com a minha
omissão.
Dai-me a coerência
necessária
para viver o
que eu digo,
para olhar
além de meu umbigo,
como o Cristo
ensinou com sua própria vida.
Que eu não
relativize os mandamentos
nem dê significado
menor ao amor;
que eu seja, de verdade,
fermento e
sal,
ultrapassando
o temor do mal
que possa me
acontecer.
Amar é mais!
Dai-me,
Jesus,
a coragem
pra seguir o Seu chamado,
sem impor
condições,
sem colocar
restrições,
assumindo a
cruz que me couber.
Se eu tiver
que me machucar, que assim seja,
se eu tiver
que correr riscos, que assim seja,
mas que
sempre pulse mais forte em mim,
Seu Amor!
O caminho da
entrega não pode esperar segurança,
na estrada
de quem se doa, sempre haverá
tempestades,
na verdade, é
um voo com turbulências
com um pouso
garantido,
amor vivido
até as últimas consequências,
muito além do cuidado com a autopreservação.
Que eu pague
os pedágios de meus medos e inseguranças
e me coloque
a caminho,
que eu me
alimente da oração
e me
abasteça de Seu carinho.
Dai-me,
Jesus, a perseverança para ultrapassar as fronteiras
existentes
entre as classes.
Que, movida
pelo desejo de amá-Lo
em cada um
que eu encontrar,
eu tire as
vendas de meu olhar
e enxergue
os invisíveis,
seus
pequeninos, Senhor!
Que eu pare
num canto da rua
ou chegue às
periferias,
transformando
palavras em atitudes,
cultivando a
alegria que nasce do Seu Amor.
E que,
assim,
eu
redescubra e saboreie, dia a dia,
a gratidão que
faz sorrir
e
multiplique a experiência desses encontros
que palavra
alguma
é capaz de
traduzir.
Renata
Villela (Outubro/2015)
É a maior escritora do universo, do planeta, do mundo. Ela é minha filha. Se alguém tem alguma parecida, me avise para que eu possa conferir.
ResponderExcluir