Escrevi esse texto em 2005 e me lembrei dele agora....
Oportuno....
Francisco,
Franciscos....
Refletir sobre o ser humano é abrir todas as
nossas perspectivas de compreensão, olhando-o como ser que é filho de Deus e
herdeiro do Reino. Por outro lado, é reconhecer, na complexidade desse ser, a
simplicidade de uma criação que contempla o bem e o mau, o certo e o errado, a
luz e a sombra, o doce e o amargo.
Impossível prender o ser humano em amarras de
condicionamento unilateral, transformando-o num executor de tarefas ou num
fornecedor de respostas esperadas aos
anseios seja de quem for: dos pais, dos amigos, dos políticos, da sociedade, da
igreja, da comunidade....Não ! O ser humano sempre será mais do que se espera
dele, sempre conseguirá escapulir ao previamente esperado ou ao antecipadamente
recriminado. Isso porque ser humano é justamente viver a experiência do
mergulho nas possibilidades do que se pode ser, na liberdade das escolhas, na
flexibilidade das tendências, na vulnerabilidade das certezas, na temporalidade
das angústias e na eternidade da verdade essencial que o constitui.
E é bonito quando descobrimos Franciscos no meio
das turbulências, gente que quer construir mesmo quando, em volta, tudo parece
ruína... É bonito quando vemos Franciscos que acreditam na real possibilidade
de resgatar a essência das coisas mesmo numa sociedade que tanto valoriza os
recheios e, muitas vezes, se perde neles sem conseguir chegar na fonte... É
bonito encontrar Franciscos que ousam a liberdade de ser sem a preocupação com
o ter, que escorregam e se reerguem limpando a poeira do chão e, ainda que
machucados, não desistem porque têm um ideal em que acreditam e pelo qual são
capazes de dar a vida...
Não, não importam os redemoinhos, as reviravoltas,
as tempestades, os labirintos nem as armadilhas, Franciscos vencem !
Não importam os ventos contrários, as críticas
fundamentadas nas razões do capitalismo, do neo-liberalismo e dos tantos ismos
que o homem inventa para complicar a existência. Franciscos sempre vencem
porque não temem o que é efêmero e têm como mola propulsora de seus movimentos,
a energia que vem do amor, amor que é atitude, que é entrega, que é desapego,
despojamento e doação. Franciscos não perdem porque perder é um verbo que para
Franciscos têm sabor de ganhar, isso porque acreditam que toda experiência é
fonte de crescimento, de aprofundamento espiritual, de renovação de forças, de
re-significação da vida. Assim, Franciscos, mesmo que sofram, sempre vencem... Mesmo
que vivenciem a experiência das cruzes, dos espinhos, do morrer a cada tranco,
transformam a vida em espetáculo e transcendem, e acendem novas luzes. Espalham
no ar o cheiro da verdade essencial da vida, que se constitui na mistura da
areia com o mar, do sorriso com o chorar, da bondade com a maldade, dos erros
com os acertos, do doce com o amargo porque sabem que viver é mais que lutar
pela sobrevivência, porque se reconhecem pequenos, doídos, incompletos, obscuros e, ao mesmo tempo, iluminados mas
sabem que são filhos amados de Deus e trazem na bagagem de cada experiência, a
essência do divino que tudo supera, transforma e edifica.
Franciscos vencem, Franciscos ensinam, Franciscos
caem e levantam, Franciscos amam...E é por causa de tudo isso, que Franciscos
não passam...
Renata
Villela
(Maio
/ 2005)
Nenhum comentário:
Postar um comentário