É chegada a hora, o Menino vai nascer !
Quando chega o Advento, minha sensação é de faxina
interior. Aos poucos vou tentando desempoeirar meu coração, jogar fora velhas
mágoas, lustrar meus relacionamentos, rearrumar minha estante de prioridades.
Quero arrumar a minha casa para receber o Menino Deus. Nessa faxina, revejo
cada momento de minha vida, como um filme, e fico pensando em quantas vezes não
fui digna de recebê-Lo na casa do meu coração, porque fui egoísta, fui
intolerante, fui omissa. Nessa faxina, abro as portas e janelas para que o ar
do Novo Tempo penetre em meus cantos mais escuros e peço perdão por todos os
meus erros e também pelas vezes em que deixei de fazer o bem, afinal, apenas
não fazer o mal não basta. É urgente fazer o bem! É urgente sermos testemunhas
do amor de Deus em cada uma de nossas atitudes durante todo o tempo de nossas
vidas. É pensando assim que rearrumo meu coração: quero ser manjedoura!
Esse é o convite que eu faço, também, a todos os que
se dispõem a viver o Natal de dentro para fora: sejamos manjedouras! Não nos
preocupemos em ser perfeitos, lembremos que ELE escolheu as palhas, não os
palácios. É aos pequeninos, aos imperfeitos, aos doentes, aos pecadores, aos
que se dispõem a ser pessoas melhores que Jesus nasce... Pequenino! Indefeso!
Frágil! Igual a nós! Sim, não nos enganemos com as capas de super herois que,
muitas vezes, colocamos sobre nós, na tentativa de esconder nossos espinhos e
imperfeições... Não tem jeito, somos frágeis e vulneráveis, como galho que se
quebra em ventania. E por saber que somos assim e nos amar sendo quem somos,
que Deus se fez como nós.
Sejamos manjedouras para acolher, em oração, o Deus
que se fez criança para que percebêssemos o que é essencial e escolhêssemos
viver nossas vidas pautadas nesse Essencial. Sejamos manjedouras para acolher,
através de nossas atitudes diárias, aqueles que têm fome, que estão nus e
cansados, presos e desanimados, tristes e violentados.... É a Jesus que
acolhemos em cada um desses pequeninos, excluídos da sociedade, carentes e
famintos de justiça e paz.
Sejamos manjedouras! Sempre é tempo (e sempre há
tempo) de arrumar nossas casas e começar nossa faxina. Ele espera! Ele sempre
espera! Vamos jogar fora tudo o que nos afasta do projeto que Jesus sonhou.
Abramos nossas janelas e sintamos a brisa do Espírito do Natal tomar conta de
tudo, renovar nossas forças, alimentar nossos sonhos e, sobretudo, despertar
nossos corações para a realidade que pulsa do outro lado da rua. Repito: não fazer o mal é muito pouco! Até
porque – seres imperfeitos que somos – de alguma forma, vez por outra pisamos na
bola! Faz parte da natureza humana. Precisamos mais do que cuidar para não
fazer o mal. Precisamos nos inquietar diante das coisas do mundo, nos
desacomodar diante das facilidades do nosso tempo e ir aonde o povo está. Precisamos
enxergar o Menino que nasce hoje e continua encontrando portas fechadas
Vivamos a experiência do Natal todos os dias do ano.
Guardemos o dia 25 de dezembro como memorial do Amor que dá novo sentido às
nossas vidas, quebra os paradigmas da sociedade do ter e do poder e nos inspira
a renovar nossa esperança em um mundo mais fraterno. Para além da data
histórica, vivamos - sem restrições – a experiência de reconhecer o Menino
Jesus entre nós, no dia a dia. Muito mais do que um dia especial do ano, o
Natal é uma proposta de vida.
Aaaah, meu
Menino, abre nossos olhos e nossos corações!!! Escuta nossas preces e vem ao
nosso encontro!
Inspira-nos
a olhar com mais cuidado e ternura para cada criança, esteja ela onde estiver: nas
esquinas, nos apartamentos, nas escolas, nos abrigos, nos shoppings, nas praças...
Cada uma tem sua dor e sua história, cada uma tem sua ingenuidade e seus
medos...Tão pouco olhamos para elas com o olhar de quem ama!
Ensina-nos a
simplicidade de quem não faz exigências, não critica desconfortos nem lamenta
frustrações; sabe o que é, de fato, importante.
Impulsiona-nos
a sair de nossos sofás, de nossas cadeiras, da frente dos computadores e das
TVs, da redoma de nossos escritórios e condomínios e lança-nos às periferias,
onde o povo bate laje, senta na calçada e corre de tiroteios quase diários.
Instiga-nos,
com Seu Exemplo, a respeitar as diferenças, a não discriminar, a abraçar
aqueles que nossa sociedade exclui, sem taxá-los, categorizá-los ou rotulá-los.
Contagia-nos a sentir cada um como irmão; a amar cada um como irmão.
Ah, meu Menino,
faz-nos reconhecê-Lo no bebê abandonado na maternidade, na criança espancada,
violentada, esquecida, machucada, comprometida em seu desenvolvimento por causa
da violência e do descaso, da irresponsabilidade e da inconsequência.
Movimenta-nos ao encontro de cada pessoa que sofre, fazendo nosso coração sentir
a graça da Sua presença em cada uma delas.
Inspira-nos,
Deus do Amor, a ser pessoas melhores, a julgar menos e acolher mais, a exigir
menos e doar-nos mais, a apontar menos para o outro e olhar mais para nós
mesmos antes de qualquer crítica. Ensina-nos a empatia, a alegria, o
encantamento de servir. E perdoa-nos por todas as vezes em que nos deixamos
vencer pela acomodação e pelo egoismo.
Meu Jesus
Menino, aceita nossos corações como Seu berço. Eis-nos aqui ! Nasce em nós!
Transforma-nos!
Amém!
Renata Villela - Dezembro/2014
Renata Villela - Dezembro/2014
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