quarta-feira, 31 de março de 2010

Via Sacra


VIA SACRA


Gólgota, flagelo, calvário,
Feridas, espinhos, traição,
Decepção, abandono, chicote,
Zombaria, agonia, solidão.
Palavras tão fortes que tocam lá dentro,
Lembrar do tormento que foi redenção
E a gente caminha, nem lembra, nem pensa:
Não tem recompensa pra cada ofensa
Sofrida, doída, vivida por livre opção.
Amor que encara de frente e se entrega.
Doação que se faz abandonar,
sem questionar, aceita,
sem duvidar, caminha.
Silencia na agonia, silencia na solidão....
e do silêncio guardado, ecoa o grito esperado,
certeza de libertação.


Molhado de lágrimas, de sangue e suor,
marcado pelos espinhos da coroação,
na dor de ser ultrajado, de ser açoitado, largado ao chão.
Ele persiste ! Ele resiste ! Maior é seu amor !
Caiu, levantou, tantas vezes caiu, levantou...
Caminhou para a cruz no limite das forças,
no impulso da raça, na coragem do abraço à cruz.
Medo e superação, entrega e condenação...
Perdão, perdão, perdão !
Perdão que se derrama na graça do amor
de um Deus que, por amor, venceu a cruz
e por amor, se fez a luz.
Deus que, no amor, se faz a cada dia,
consolo e alegria, esperança e sabedoria,
certeza da ressurreição.


A história não acaba no último suspiro,
na lágrima, na lástima, na tumba...
A história continua três dias depois....


Renata Villela