segunda-feira, 11 de julho de 2016

Mergulho em meu Eu



Sou pote vazio
Sedento de amor
A folha em branco
Que sonha com a cor.

O nó apertado
Amarrada estou,
Eu quero ser laço
A unir dom e dor.

Há medos que esmagam
E engasgam minha voz;
Há um choro contido:
“Não há mais heróis!”

Assusta-me a força
Que vem com a ventania
Eu sinto em meu peito
A dor da agonia.

Num porto seguro
Eu quero aportar
Mas nuvens não deixam
Eu achar meu lugar.

Sou vaso rachado
Por causa das quedas
“que eu regue o caminho”
Me diz o poeta.

Eu sei que eu sou
Menor que um grão
Só posso dar flor
Se Deus for meu chão.

Eu quero a paz
De criança dormindo
A graça e a leveza
De um campo florindo.

Só quero o vento
Batendo em meu rosto
Olhar o horizonte
Além do desgosto.

Eu quero um caminho,
Por onde andar
E o calor de um ninho
Onde eu possa pousar.

Quero o Colo de Deus
Para eu recostar
E, sentindo o Amor,
Outra vez despertar.

Calando meus medos,
Deixando brotar
A flor do desejo,
Servir e amar.

No abraço de Deus
Quero me abastecer
Só assim serei  livre
Pra inventar o meu ser