segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Feliz Vida Nova !


Eu conheço quem considera a virada do ano uma grande bobagem, já que é apenas mais um mês que termina para dar início a outro. Não posso dizer que esta seja uma constatação errada, mas defendo a máxima de que o ser humano precisa de ritos e a “virada” é um desses ritos importantes para nos manter vivos (e não apenas sobreviventes de uma era desordenada e doida!).
Ainda que durante o ano façamos promessas de mudança, planejemos realizações, revisemos nossa caminhada, é nessa época do ano que passamos a limpo  tudo o que fizemos e deixamos de fazer e colocamo-nos cara a cara com nosso próprio eu, numa espécie de prestação de contas.
É chegada a hora de nos esvaziar de tudo o que nos causou estresse, provocou mágoas, abriu feridas  e  fez sofrer. De tudo isso, como mandava a velha matemática, noves fora,  fica o aprendizado para vivermos melhor, mais conscientes de nossos limites, de nossas fragilidades, de nossas necessidades e dos trunfos que trazemos para ganhar os campeonatos que a vida nos propõe (ou impõe).
É chegada a hora de fazer um check list de nossos compromissos para o ano novo, escrever numa folha de papel, colocando prazos. Criar metas para nós mesmos é um excelente exercício de desenvolvimento pessoal. Corremos o ano todo para cumprir metas estabelecidas pelos outros e para os outros.  Criar metas para nós mesmos é uma forma de declarar nosso amor pela pessoa que somos, buscando ser melhor a cada dia, não para atender expectativas e padrões, mas para tornar visível o desejo que nos move: queremos ser felizes.
E felicidade é o tipo da coisa que muda conforme o dono: para uns, ser feliz é ter saúde, para outros é ter dinheiro; para uns, é ser livre, para outros, é estar amarrado a alguém; para uns, é viver aventuras, para outros é ter estabilidade; para uns, é ter um corpo bonito, para outros, é viver numa sociedade bonita; para uns, é dormir tranquilo todas as noites, para outros é ter todo segundo ocupado; para uns, é sentir-se sempre desafiado e superar-se, para outros é sentir-se recompensado e aconchegado num ponto de chegada; para uns, é ver felizes, as pessoas com quem convive, para outros é fazer o possível para que o máximo de pessoas esteja feliz. Não importa qual seu conceito de felicidade, importa é não cruzar os braços, deixando que ela passe pelo lado de fora.
É chegada a hora de abrir as portas de nossos corações e deixar com que sejam invadidos por nossos sonhos e esperanças, por todos os nossos desejos , dos mais simples aos mais complexos, os que só dependem de nós e os que dependem de toda uma conjuntura. É bom saboreá-los todos, indistintamente, para depois, sim, avaliarmos em quais precisaremos investir nossa energia.
Realmente, quando os relógios apontarem meia-noite, os fogos estourarem no céu, as pessoas se abraçarem, a Terra não vai mudar sua rotação nem sua translação, as guerras e atos terroristas não  acabarão, abóboras não se transformarão em carruagens, sapos não virarão príncipes, a corrupção continuará “comendo pelas beiradas”, cidades continuarão perdendo a guerra contra a força da natureza...  Somente uma coisa poderá mudar nessa virada de ano: nossas atitudes !
É certo que todo minuto da vida é oportunidade de mudar, mas já que o mundo nos faz esse convite explícito para virarmos uma página de nossas vidas,  eu proponho que digamos sim e iniciemos um novo capítulo de nossa história.
Que vivamos esse rito com alegria, com fé e com coragem, que assumamos o compromisso de sermos promotores da paz através de nossas atitudes diárias e que, mesmo que pulemos  sete ondinhas, que coloquemos o pé direito na frente,  que comamos lentilhas, guardemos em nossos corações a certeza de que somos nós os responsáveis pelo que fazemos de nossas vidas!
E que façamos de nossas vidas o mais bonito presente para a humanidade!

Renata Villela (dezembro/2013)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Tempo de Natal

Novamente chega dezembro, mais uma vez, é tempo de Natal. Temos, como em todos os anos, diferentes alternativas para viver esse tempo. Podemos ocupar a maior parte de nossas horas do dia indo aos shoppings superlotados, comprar, comprar, comprar, fazer dívidas maiores do que nossa condição de pagá-las e nos deixar levar pela turba contagiada pelo consumismo. Podemos, por outro lado, simplesmente, aproveitar esse tempo para presentear as pessoas que amamos, independente do valor material que esses presentes tenham, apenas como uma forma de materializar nosso carinho. Podemos também não comprar nada e nos esquivar desse lado que o comércio tanto gosta de explorar. O mais importante é que, independente de qual seja a nossa escolha, tenhamos viva dentro de nós a certeza de quem é o dono de quem: temos o dinheiro que compra ou o dinheiro nos tem com reféns? Reforçarmos ou recuperarmos nosso lugar de sujeitos da história é o que realmente importa. Não sendo assim, a manjedoura continuará vazia!
É tempo de Natal! Podemos nos preocupar com a ceia, para que seja a mais deliciosa possível, perus, leitões, bacalhau, tender, frutas secas, nozes, avelãs, castanhas, saladas variadas, toalhas coloridas... Podemos, por outro lado, arrumar a mesa da cozinha e lá colocar feijão, arroz e carne seca. Podemos, ainda, ter apenas um pedaço de pão... Na verdade, meu sentimento é de que pouco importa o que está sobre a mesa, importa quem está em torno dela: que sejam pessoas que partilham seu dia-a-dia com amor e respeito mútuo, que sejam pessoas dispostas a revisitar seus cantinhos escuros para, assim, transformarem-se em pessoas melhores para o outro, pessoas com dificuldades, com espinhos, pecadoras, mas que se esforçam para se entregar e integrar por causa do Amor que as faz amar. Se não for assim, a manjedoura continuará vazia!
Podemos tantas coisas...Ir à missa ou ao culto, ou ao lugar sagrado, seja ele qual for, onde nos sintonizamos com Deus todos os dias, ou podemos não conseguir  ir a esses lugares, tantas vezes quanto gostaríamos. Podemos fazer novena, retiros espirituais, silenciar,mergulhar em nossos corações  e buscar no silêncio, o Amor que nos renova. Podemos também  exercitar esse amor  visitando creches, orfanatos, asilos, na ânsia de fazer o que desejamos durante todos os meses do ano, mas acabamos nos deixando levar pelo corre-corre ou pela rotina.  Não importa qual o caminho que  encontramos para desempoeirar nosso desejo de amar nesse tempo de Natal, importa, sim, que esse desejo se torne realidade e nos faça crescer em fraternidade...E nos impulsione a multiplicar os momentos de encontro, seja com nosso eu mais profundo, seja com os pequeninos de Deus, sempre como exercício de amor porque, se não for assim, a manjedoura continuará vazia.
Podemos encarar o mês de dezembro como apenas mais um mês do ano, igual a todos os outros. Podemos encarar esse tempo como oportunidade de fazer o que sentimos vontade durante o ano e não conseguimos. Podemos chorar de saudade do tempo que se foi ou das pessoas que partiram. Podemos voltar à infância olhando as crianças diante do Papai Noel. Podemos tirar um percentual de nosso salário para contribuir com uma dessas campanhas que sempre acontecem aos dezembros. Podemos armar nossa árvore e arrumar nosso presépio. Mas se tudo isso for feito mecanicamente, como quem repete a mesma coisa que faz desde que nasceu... Sinto muito, a manjedoura continuará vazia.
Viver o Natal é se permitir ser a manjedoura vazia onde Jesus Menino nasce para viver, dentro de nós, durante os 365 dias do ano. Viver o Natal é faxinar nossa casa, passar a limpo a história que escrevemos ao longo do ano, revendo tudo o que nos fez sofrer (ou que fez alguém sofrer), repensando todas as oportunidades de fazer o bem a alguém, que deixamos passar  batidas, por omissão ou comodismo e, com a casa arrumada, nos predispormos a viver diferente. Viver o Natal é sentir – de dentro para fora – que podemos ser pessoas melhores sempre, que Deus nos ama do jeito que somos, pequenos, pecadores, falíveis e faltantes e espera de nós, quetambém amemos, inclusive quem nos faz mal, doando  nossos tesouros a quem cruzar nossos caminhos.
Viver o Natal é simples, apesar de não ser fácil, mas não é fácil,justamente, porque aprendemos a complicar tudo, a transformar supérfluos em primeiras necessidades, a desconfiar de todos, a pagar por tudo e, assim,  desaprendemos a simplicidade, a gratuidade, o companheirismo e a confiança.
Tudo começa num SIM.  E eu acredito que, a cada Natal, menos manjedouras estarão vazias, por mais que a mídia noticie o inverso.
Tudo começa num SIM. E eu acredito que viver o Natal não é apenas relembrar o que já aconteceu. É fazer acontecer o que virá, com AMOR.
Pensando assim ou, mais do que isso, sentindo assim, que consigamos viver cada Natal e todos os Natais, como a terna oportunidade que Deus nos dá de acolher o Amor em nossos corações e assumir o compromisso de, encontrando manjedouras vazias, apontar a estrela que mostra o caminho ao Salvador.


Renata Villela  -  Dezembro/2013


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A vida e o tempo



O tempo é artesão da vida
a bordar cada momento
com fios de eternidade
ou de esquecimento
a depender de nossas escolhas.

O tempo guarda tesouros
em lembranças preciosas
que, um dia, viram saudade.
O tempo também esconde tristezas
pela certeza de que oportunidades perdidas
evaporam... E não voltam jamais!

A  vida guarda surpresas
e segredos...
Cicatrizes que escondem dores
e encontros que refletem cores
feito arco-íris
que dão sentido
à nossa caminhada.

A vida se renova a todo instante
em que alguém se torna importante
para nossa lapidação.
A vida esconde mistérios
por trás de janelas e portas
que somente quando abertas
apontam os caminhos do coração.

A certa altura da vida, aprendemos
que se o tempo tem seu próprio comandante,
nós temos o que há de mais importante:
a chave da vida em nossas mãos.
E se, às vezes,
na porta encontramos cadeados,
vale o aprendizado
de saber olhar para o lado,
deixando brotar a alegria
de uma companhia que surge
de um lugar qualquer.


Assim é a vida....

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Louvado seja Francisco!



Reconstrói a minha Igreja, Francisco,
pediu Jesus!
Despido, caminhou aos pobres,
foi pobre e destemido,
foi além do esperado,
fez do Evangelho, vida,
em tudo louvou
seu Deus tão amado.
Mas os anos se passaram
e as pessoas se esqueceram
das coisas mais importantes;
ergueram catedrais,
subiram em pedestais
e se afastaram da verdadeira luz,
esqueceram da igreja de Jesus!

Reconstrói a minha igreja, Francisco,
pediu, novamente Jesus,
à luz do terceiro milênio!
Relembra Francisco de Assis,
vive do jeito que Eu quis
que todos os meus apóstolos vivessem!
Mostra  que nossos tesouros
não são feitos de ouro,
mas do Amor que é doação.
Amor que se multiplica
a cada encontro entre irmãos
e eterniza-se no no sim cotidiano
de quem se dispõe a fazer diferença,
a ser presença em comunhão.

Vive Francisco entre nós,
com a voz cheia de entusiasmo,
com a energia de quem se incomoda
com o marasmo que acomoda.
Vive Francisco entre nós,
com a alegria de quem nutre a confiança
no Deus que nos ama incondicionalmente;
vive Francisco que expressa
no sorriso e no olhar
tudo o que sente e acredita,
encantando-nos com seu jeito verdadeiro
de servir e de amar.

Vive Francisco entre nós,
alimentando nossa esperança
em um mundo melhor,
com o sorriso que derrama
a ternura da criança,
com o olhar que reflete a certeza
da beleza que brota
no coração de quem ama.

Vive Francisco entre nós,
ensinando simplicidade
como bem mais precioso,
vivendo no seu dia-a-dia
a experiência da humildade
de um homem generoso
e mostrando que é possível
enxergar o invisível
com os olhos do coração.

Vive Francisco que prega a justiça
e denuncia a corrupção,
que fala em fraternidade
e renega a omissão.
Vive Francisco que nos surpreende
com a grandeza de sua missão,
praticando a empatia
com gente de toda idade,
dando sua prioridade
aos pobres e aos doentes,
do corpo, da mente e do coração.

Louvado seja Deus que nos deu Francisco!
Louvado seja Francisco que nos leva a Deus!
Louvada seja a Igreja que escolheu Francisco!
Louvado seja Francisco que acolheu a igreja
santa e pecadora!
Louvada seja Maria, Mãe Protetora,
Senhora Aparecida que abençoa Francisco!
Louvado seja Francisco que ecoa a voz de Cristo
que espelha o amor de Cristo
em seu sorriso e em seu olhar!
Louvado seja o Papa que nos convida a sorrir!
Louvado seja Francisco que nos inspira a seguir
seu exemplo!
Louvado seja Pedro que se fez pedra com sua humanidade!
Louvado seja Francisco que aceita sua vulnerabilidade
e se entrega sem temor,
porque confia no Amor
a quem disse o seu sim.

Amém!

domingo, 21 de julho de 2013

Silêncio que fala


Amigo
É gente que guarda
O sabor da aurora
E une o tempo
Num único agora
Na dança da vida
Que espera o amanhã.

Amigo
É fruto colhido
Da luz em semente
É flor perfumada
Que exala pra gente
A cor e a delícia
De abrir-se ao sol.

É pé na estrada
E porto seguro,
Aponta a ponte
Onde a vida vê muro
Entende o não dito
No grito do olhar.

No choro e no riso,
Presença esperada,
Palavra que acolhe
Sem hora marcada
Silêncio que fala
Em tom de oração.

Amigo,
Abrigo, surpresa,
Pureza, impulso,
Segredo, verdade,
A luta e o luto,
Saudade que pulsa
E embala a esperança.

Amigo,
Abraços, sorrisos,
Encontros, caminhos,
Carinho, ternura,
Aventura, sossego,
A força que cura,

Presença de Deus.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A vida e o tempo



O tempo é artesão da vida
a bordar cada momento
com fios de eternidade
ou de esquecimento
a depender de nossas escolhas.

O tempo guarda tesouros
em lembranças preciosas
que, um dia, viram saudade.
O tempo também esconde tristezas
pela certeza de que oportunidades perdidas
evaporam... E não voltam jamais!

A  vida guarda surpresas
e segredos...
Cicatrizes que escondem dores
e encontros que refletem cores
feito arco-íris
que dão sentido
à nossa caminhada.

A vida se renova a todo instante
em que alguém se torna importante
para nossa lapidação.
A vida esconde mistérios
por trás de janelas e portas
que somente quando abertas
apontam os caminhos do coração.

A certa altura da vida, aprendemos
que se o tempo tem seu próprio comandante,
nós temos o que há de mais importante:
a chave da vida em nossas mãos.
E se, às vezes,
na porta encontramos cadeados,
vale o aprendizado
de saber olhar para o lado,
deixando brotar a alegria
de uma companhia que surge
de um lugar qualquer.


Assim é a vida....

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Minha poesia, minha voz

Eu quero poesia com versos de liberdade,
eu quero a cantoria por justiça e verdade,
eu quero vozes unidas numa só canção
e o povo sentindo que, de fato, é uma nação.

Eu quero o Hino Nacional cantado com a emoção
de gente indignada com a corrupção
eu quero ver bandeiras voando ao vento
nas mãos da geração que saiu do lamento.

Eu quero as ruas cheias com a garotada
contagiando a todos com sua ousadia.
Eu quero a valentia de mãos desarmadas
lutando com seu canto pela Pátria Amada.

Eu quero ver sorrisos pulsando pelos olhos
de gente que se encontra pela multidão,
deixando transbordar, mais que ideologia,
a fé no ser humano, na força da comunhão.

Eu quero a igualdade que respeita diferenças,
eu quero a crença viva no poder que temos.
Eu quero a experiência de encarar os dias
e poder saborear os frutos que colhemos.

Eu quero a paz que vibra, o amor que inquieta,
a fé que impulsiona à transformação,
eu quero ver polícia respeitando o povo,
o povo a e polícia, uma só nação.

Eu quero liberdade sem a dor da violência,
eu quero a coerência da luta desarmada,
eu quero ouvir a voz que há tanto foi calada
sentir que é chegada a hora de ser escutada.

Eu quero essa vivência de democracia
que às vezes faz sangrar feridas não cicatrizadas
eu quero a tolerância nessa catarse coletiva
que multiplica o grito da justiça castrada.

Eu quero a certeza do caminho sem volta,
a coragem de fazer valer o que é melhor para todos,
eu quero o exercício da cidadania
pulsando pelas ruas, em toda gente, a cada dia.

Eu quero, finalmente, a luz dessa esperança
que acorda meus anseios de um mundo melhor
Eu quero a coragem e a temperança
de criar o movimento a um novo lugar.

Renata Villela, junho/2013

sábado, 18 de maio de 2013

Ensina-me, Mãe !



Maria, cheia de graça,
plena em Deus!
Pura na vivência do amor
que é ternura enraizada
na experiência da fé.
Mulher !

Senhora nossa, senhora de si...
Íntegra, digna,
fiel a Deus,
mãe de Deus, em Jesus,
presença na cruz...
de pé !

Ensina-me, Mulher,
a não esmorecer,
a não desesperar,
a ficar de pé,
na cruz.

Maria – resignada, consciente,
tolerante, persistente,
paciente no respeito
ao tempo de Deus.
Maria, minha mãe !
Maria que me acolhe e ensina,
que me aquieta e anima,
ensina-me a amar !
Ensina-me a calar
meus próprios ruídos
-         que são os mais barulhentos;
faz-me buscar o silêncio
que tudo diz.

Ensina-me, Maria,
a aparecer somente
quando for necessário transparecer
o amor e a paz que É !
É tudo !

Ensina-me, Mãe,
a não querer entender
nem explicar
o que vem de outra fonte.
Anima minha alma
a mais que sentir o amor,
mergulhar nEle
para vivê-Lo na intensidade
de quem se entrega.

Ensina-me, Mãe,
a me entregar assim,
sem medidas,
com a confiança de quem
simplesmente crê.
Ensina-me, Mãe,
esse amor que tem raízes e asas,
que faz calar,
que faz guardar,
partilhar, agir, viver
na leveza de quem confia
e não teme...

Não teme o não planejado,
o não desejado,
o não esperado...
Aceita ! Confia ! Entrega ! Silencia !

E no silêncio, escuta;
e no silêncio, acata
deixa que a voz conte o segredo,
dissipe o medo,
aponte o caminho
e traga o carinho
que amansa qualquer dor.

Amém !

domingo, 12 de maio de 2013

Maternidade



Graça por Deus concedida
do ventre que abriga o embrião
às mãos que se juntam em oração.
Caminho sem fim percorrido passo a passo,
contínua batalha sobre o cansaço,
eterno desafio de superação.
Mágica que traz colorido novo à existência,
milagre de um amor que transcende consciência,
é entrega e doação.
Exercício diário de compreensão,
de aceitação e reconhecimento dos limites,
de desprendimento e re-significação da liberdade,
do sabor indescritível da responsabilidade
de gerar, criar, educar
e cuidar do ser humano.
Maternidade
Graça por Deus concedida
na façanha da santidade.
Convite à vida em sua plenitude
e na sua dureza;
chamado à caminhada que, entre perigos e abrigos,
encontra a sua beleza.
Interseção do poder do ser criador
com a fragilidade da criatura,
inspiração da direção a seguir,
força que brota onde não se pensava existir,
certezas que não se explicam,
sentimentos que habitam e transbordam dos corações
nas atitudes mais corriqueiras,
nos gestos mais simples,
nas palavras mais comuns.
Tristeza que se esconde calada
no medo do que escapa à compreensão,
na dor guardada
em meio a pressentimentos e intuições.
Maternidade
Verdade construída entre sonhos partilhados
e decepções acontecidas nos tropeços do caminho.
Carinho emanado de fonte inesgotável,
colo que aquece e enriquece a vida,
ternura que cura qualquer ferida.
Palavras, também, tantas vezes incompreendidas,
noites perdidas por causa do tesouro encontrado
no desafio que vem agregado ao mistério
da multiplicação da vida,
no exercício do amor

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Oração a Maria, Minha Mãe





Maria, me ensina  a amar,
confiar, não desistir,
persistir e não esquecer
do para quê estou  aqui !
Maria, me ensina  a sorrir
e a me doar,
a fazer o que ELE pede
sem esperar recompensas,
sem questionar competências,
sem ponderar consequências
sem pensar no que virá depois.

Mãe, me ensina a seguir seu exemplo
do amor que se movimenta
sem chamar atenção,
supera a dor dos espinhos
em clima de aceitação
e silencia nas turbulências
na entrega da oração.

Maria, Mãezinha amada,
me inspira nessa escalada,
me levanta quando eu cair.
Maria,  Mãezinha querida,
transforma em pérola, cada  ferida,
que a vida me fizer.

Mãe,  me encoraja a nadar contra a maré
sempre que preciso for,
Que o Amor seja a força que me conduz
a seguir em frente
e a permanecer de pé
diante de qualquer cruz.


Maria, me traz a alegria
de servir sorrindo,
de calar ouvindo,
de viver cantando
hinos de louvor ao Amor Maior.


Renata Villela / Maio-2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Maria, Senhora Mãe




Maria, serviço e alegria,
silêncio e sintonia,
paz de quem faz da vida, oração.
Maria, coragem e persistência,
força, garra e paciência
entrega  e  confiança em Deus.
Maria do Sim que ecoa amor,
suor, trabalho que faz sangrar;
Maria do Sim que ecoa amor,
carinho, presença  que transcende lugar.

Mãe do céu e da terra,
Mãe da paz em tempo de guerra,
Mãe da luta e da vitória sobre a cruz.
Mãe de Jesus, Mãe de João,
Mãe de nosso coração,
Mãe da noite, Mãe da luz
Mãe de todos nós.
 Mãe de todos os povos
pelo mundo afora,
Mãe do amanhã, Mãe do ontem
 e do agora.
Ave Mãe, roga por nós!


Maria, Senhora da Luz
E da Piedade,
Senhora da Cruz
e da felicidade,
Mãe das Mercês e da Consolação.

Maria, Senhora do Carmo, das Dores
e da Vitória,
Auxiliadora, Senhora da Glória
e de nossa história,
Mãe das flores e dos passarinhos.

Maria, Mãe que cuida de nossos caminhos,
Maria da Guia, Senhora da Alegria,
Mãe do Sagrado Coração.
Maria, Senhora das Graças e da Assunção,
Desatadora de Nós e voz das muldidões,
Maria de todas as invocações.
Maria, Senhora da Esperança
Mãe das crianças de tantas idades.
Maria, Senhora da Generosidade,
Mãe da Ressurreição,
da igreja sempre em transformação.
Maria, senhora da Escalada,da juventude,
Mãe de nossa Missão.

Renata Villela, em 1º de maio de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dentro do peito



Dentro do peito bate um coração que ama
e canta os sonhos que nascem
do que os olhos veem.
Na ponta dos dedos pulsa um coração que ama,
 transforma sonhos em realidade
e reconstroi  vidas para a felicidade
a partir de gestos e atitudes diárias.
Na sola dos pés bate um coração que ama
e caminha por onde for preciso ir,
segue sem impor condições,
vai aonde outros corações choram
Ou dormem....Ou esperam...
Na sinapse dos neurônios pulsa um coração que ama
e movimenta a vida na inquietude da incompreensão
que gera indignação, que gera atitudes,
que cria alternativas e mantém vivas,
pessoas condenadas à sobrevivência pálida
de submundos escondidos da mídia.
Na ponta da língua, no brilho do olhar,
na força de sorrisos e na sensibilidade dos ouvidos
pulsa um coração que ama
e vibra a cada toque de carinho,
e cresce a cada pedra do caminho
porque caminhos sempre têm pedras
e pedras sempre fazem crescer.
No âmago de cada vida, ânima, alma,
pulsa um coração que ama
e voa na surpresa dos sonhos,
enraiza-se na certeza dos planos
de Deus.
Dentro do peito pulsa um coração que ama e sorri,
vibra, impulsiona o corpo que é mais que matéria,
 desprende-se de amarras e lança-se ao outro,
para celebrar a vida,
para transbordar a seiva,
para dar sentido ao tempo
de nossa existência aqui.

Renata Villela, abril/2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

Via Sacra




Gólgota, flagelo, calvário,
Feridas, espinhos, traição,
Decepção, abandono, chicote,
Zombaria, agonia, solidão.
Palavras tão fortes que tocam lá dentro,
Lembrar do tormento que foi redenção
E a gente caminha, nem lembra, nem pensa:
Não tem recompensa pra cada ofensa
Sofrida, doída, vivida por livre opção.

Amor que encara de frente e se entrega.
Doação que se faz abandonar,
sem questionar, aceita,
sem duvidar, caminha.
Silencia na agonia, silencia na solidão....
e do silêncio guardado, ecoa o grito esperado,
certeza de libertação.

Molhado de lágrimas, de sangue e suor,
marcado pelos espinhos da coroação,
na dor de ser ultrajado, de ser açoitado,
largado ao chão.
Ele persiste ! Ele resiste !
Maior é seu amor !
Caiu, levantou,
tantas vezes caiu, levantou...

Caminhou para a cruz no limite das forças,
no impulso da raça,
 na coragem do abraço à cruz.
Medo e superação, entrega e condenação...
Perdão, perdão, perdão !
Perdão que se derrama na graça do amor
de um Deus que, por amor, venceu a cruz
e por amor, se fez a luz.

Deus que, no amor, se faz a cada dia,
consolo e alegria,
 esperança e sabedoria,
 certeza da ressurreição.

A história não acaba no último suspiro,
na lágrima, na lástima, na tumba...
A história continua três dias depois...                  

Lava pés


Pensando nos nossos pés (e nos pés de quem está ao nosso lado) como base de nossa sustentação, pensando em cada sujeira que eles podem absorver como presentes da estrada e em cada calo como marca de nossas histórias, lavar os pés passa a ter um sentido ainda mais profundo.
Lavar os pés significa serviço.
Lavar os pés significa a capacidade de se colocar na posição de quem serve, de quem se entrega ao outro para purificá-lo, para facilitar sua caminhada.
Deixar que nos lavem os pés implica em partilha.
Deixar que nos lavem os pés implica em confiança, é o entregar-se ao outro, com as sujeiras do caminho e os calos da história.
A mesma humildade que nos faz lavar os pés, nos faz entregar nossos pés para que sejam lavados.
O mesmo amor que nos faz servir, nos faz aceitar o serviço do outro, compreendendo que todos temos nossos momentos de ajudar e de sermos ajudados, de caminhar e de sermos carregados no colo, de perdoar e de sermos perdoados.
De pés lavados, estamos renovados, purificados.
Tendo aprendido o sentido mais pleno do serviço, da partilha e da humildade, seguimos em frente ! Retomamos nossa caminhada !
De pés lavados, vivenciamos o milagre da transformação que o amor opera em nossas vidas. Encorajamo-nos a, com os pés no chão, sustentarmos nossa existência e direcionarmos nossos passos a novos rumos.
Lavar e deixar-se lavar, caminhar e deixar-se levar, amar e deixar-se amar… esse é o segredo da verdadeira comunhão, da verdadeira fraternidade, da verdadeira paz.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Grão de Trigo




No silêncio da terra molhada,
enquanto as estrelas polvilham o céu
e o véu da noite cobre os trigais
um grão se despede da casca que o prende
e aprende, lentamente,
o mistério da transformação.

Grão que se torna trigo
e perde o abrigo seguro,
para vencer o muro das limitações.
Esquece-se grão e faz-se trigo,
que dança ao vento,
a espera do tempo
de se transformar em pão.

Tão lindo é amar um Deus
que nos deixa a lição
do grão de trigo!
Por amor,
fez-se grão humano,
conheceu a noite da vida
e cada ferida
que se abre a toda quebra.

Tão lindo é amar um Deus
que nos deixa a lição
do grão de trigo!
Jesus,
Deus que abraçou a cruz,
e se fez O pão que é nosso alimento,
não disse não a nenhum sofrimento
e na fidelidade ao plano do Amor
morreu e venceu a morte,
da noite fez um amanhecer.

Tanto a aprender desse Amor que se entrega,
tanto a escutar nesse silêncio que me abraça,
tanto a crescer na dor de cada quebra
tanto a me entregar como grão que se parte
sem temer o fim.
Tanto a desejar que se calem meus medos
e que então se cumpra a Vontade do Amor
em mim.