quarta-feira, 20 de maio de 2009

Família Humana

Tantas raças diferentes,
Tanta gente em todo canto,
Povos fazendo guerra,
Terras em tom de pranto.

A mesa está vazia,
Falta oração, falta alegria,
Restou o silêncio da falta de encontros,
Ficou o vazio da falta do encanto
De conviver.

Pessoas se fizeram ilhas,
Ilhas sem pontes,
Solidões que se esbarram na turba,
Corações que se perdem na curva
Do tempo.

Tempo, tempo,
Ainda há tempo de transformar,
Criar laços, andar passos
Ao encontro de alguém.
Hoje é o tempo de cultivar,
Tolerância, paciência
E acreditar no bem.
Entre espinhos e carinhos,
Exercitando perdão,
Amor que se faz aos pouquinhos
E passa qualquer estação.

Do imperfeito que pulsa em nós,
Nasce o desejo que irmana
Pessoas, antes tão sós,
Agora a família humana.
Sagrada família humana,
Humana família de Deus,
Contagiando seus sonhos,
Reescrevendo a história
Na glória do amor que transforma,
Dá forma ao sonho de Deus.

sábado, 9 de maio de 2009

Para as mães

Queria escrever uma mensagem bonita para todas as mães, mas não consigo encontrar as palavras certas que expressem com exatidão o que quero dizer...
Na verdade, mais do que dizer, quero é desejar a todas as mães que tenham força e coragem para cumprir essa missão, ao mesmo tempo tão linda e tão difícil. E, a todos os filhos, que olhem para suas mães com os olhos do coração!
Que o sorriso de cada filho seja, para todas as mães, a fonte inspiradora para todas vezes em que a possibilidade de conter lágrimas estiver além do poder das próprias mãos. É difícil para as mães ver um filho chorar...
Que a tranqüilidade gostosa de olhar, pelo canto da porta, um filho dormir traga a paz tão necessária para as noites em claro por causa da tosse ou da farra, da febre, do frio, da fome ou da festa, das tantas coisas que tiram o sono de quem ama.
Que o amor se multiplique e inunde a vida de cada mãe, pois só o amor é capaz de dar a exata medida do sim e do não, o discernimento para saber quando é hora de incentivar, de dar força e apoiar e quando é hora de chamar atenção, de alertar para os perigos ou antecipar consequências.
Que a gratuidade seja a base desse amor que não pede recompensas e se alimenta com cada vitória dos filhos, com cada momento, por mais simples que seja, de alegria, e com a certeza de que, apesar de todas as dificuldades que o mundo apresenta, apesar dos ventos contrários a soprar a direções distintas, o filho encontrou o caminho certo... E no caminho certo pisa firme !
Que a ansiedade pelos primeiros passinhos ou pelo primeiro dia na escola, que o estresse dos dias de prova no vestibular ou das primeiras vezes na direção do carro próprio, que o frio na barriga pelo dia do casamento ou da formatura, tudo isso tenha o recheio daquele sentimento mágico que, mesmo sem explicação, traz o sabor de uma sintonia que acalanta a alma e implica na certeza de que crescer, mesmo que doa, é bom demais !
Desejo que mães e filhos cresçam juntos e amem intensamente uns aos outros, amor que é carinho, é ternura, mas também é atitude diária, concreta, pelo bem comum. E, ainda que seja frase feita, que todos os dias sejam, verdadeiramente, dias das mães...E dos pais...E das famílias ! Que cada pessoa seja “presente” uma para a outra, independente do calendário anual de datas festivas ou da capacidade de comprar produtos que “simbolizem o amor”. Afinal, amor não se compra, amor se multiplica na medida em que é dado de verdade. Amor é arte e, como toda arte, não nasce da simples inspiração, implica em trabalho, trabalho interior de exercitar tolerância e paciência, compreensão e empatia.
Quando penso em maternidade, em sua essência, sinto crescer em mim a esperança de um mundo mais bonito, mais justo, mais terno... Que reguemos essa florzinha de esperança em nossos corações e que, alimentados pela essência do amor – em seu sentido primeiro -, cuidemos melhor de nossas mães... E cuidemos melhor de nossos filhos !

Renata Villela

sábado, 2 de maio de 2009

Crescer

Crescer implica em quebras, em dobras,
em dores.
Crescer implica em perdas, em atalhos,
em cascalhos no meio da estrada,
em caminhos diferentes dos sonhados,
em carinhos também.
Crescer implica em se perceber faltante,
paradoxo,
fraco e forte,
pequeno e gigante,
amante.
Crescer implica em desejo, em vontade,
em consciência de possiilidades,
em certeza das incertezas
que, juntas, levam à felicidade.
Crescer implica em risco, em rasgos,
engasgos e desconstruções;
em ameaças e medos,
em esperanças, em sonhos e anseios.
Crescer implica em amor, em ardor,
em calor que, do jeito que aquece,
também pode queimar.
Crescer implica em resgatar
tantas coisas que a gente esquece
no pressuposto de amadurecer.
Implica em encontrar o gosto que há no viver,
com prazer e responsabilidade,
percebendo os limites, respeitando-os,
sem perder a sede da inquietação.
Indignar-se diante do dito normal,
sair do circuito do “não faz mal”
e apostar nos passos da transformação
de si, de cada ambiente, da sociedade...
Por que não?
Crescer implica em enxergar o mundo
além do umbigo
em deixar de ver o “outro” como inimigo
ou concorrente
é ter a ousadia de lançar uma semente
na certeza de que toda árvore frondosa
começa assim.
Crescer é, também, às vezes diminuir.
É intuir, é descobrir-se sempre
mutante, errante,
ser pensante,
ser amante,
ser vivente.
E não apenas sobreviventes adoecidos
perdidos nos rótulos, nas fábulas,
na lógica do sucesso.
Crescer
é tentar fazer poesia,
é sentir pulsar a alegria e a agonia,
e surpreender-se com o tanto que há de caminho
por caminhar....
Renata Villela