sábado, 2 de maio de 2009

Crescer

Crescer implica em quebras, em dobras,
em dores.
Crescer implica em perdas, em atalhos,
em cascalhos no meio da estrada,
em caminhos diferentes dos sonhados,
em carinhos também.
Crescer implica em se perceber faltante,
paradoxo,
fraco e forte,
pequeno e gigante,
amante.
Crescer implica em desejo, em vontade,
em consciência de possiilidades,
em certeza das incertezas
que, juntas, levam à felicidade.
Crescer implica em risco, em rasgos,
engasgos e desconstruções;
em ameaças e medos,
em esperanças, em sonhos e anseios.
Crescer implica em amor, em ardor,
em calor que, do jeito que aquece,
também pode queimar.
Crescer implica em resgatar
tantas coisas que a gente esquece
no pressuposto de amadurecer.
Implica em encontrar o gosto que há no viver,
com prazer e responsabilidade,
percebendo os limites, respeitando-os,
sem perder a sede da inquietação.
Indignar-se diante do dito normal,
sair do circuito do “não faz mal”
e apostar nos passos da transformação
de si, de cada ambiente, da sociedade...
Por que não?
Crescer implica em enxergar o mundo
além do umbigo
em deixar de ver o “outro” como inimigo
ou concorrente
é ter a ousadia de lançar uma semente
na certeza de que toda árvore frondosa
começa assim.
Crescer é, também, às vezes diminuir.
É intuir, é descobrir-se sempre
mutante, errante,
ser pensante,
ser amante,
ser vivente.
E não apenas sobreviventes adoecidos
perdidos nos rótulos, nas fábulas,
na lógica do sucesso.
Crescer
é tentar fazer poesia,
é sentir pulsar a alegria e a agonia,
e surpreender-se com o tanto que há de caminho
por caminhar....
Renata Villela

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