domingo, 12 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Mensagem para um NOVO Natal


Mais um ano vai chegando ao fim e, mais uma vez, somos levados a fazer uma retrospectiva sobre o que fizemos e o que deixamos de fazer. Ampliando o horizonte de nosso olhar, viajamos com as rotações da Terra e contemplamos mais uma translação que se conclui. Com esse olhar, nos damos conta de que melhoramos muito pouco no cuidado ao planeta e a cada um de seus habitantes. Estamos longe de ser a “grande família humana” !
Nesse ano, a natureza nos respondeu com clareza e objetividade: o Haiti, o Chile, a Indonésia... Até a Europa se viu encoberta pelas fumaças de um vulcão! Culpamos os países ricos e seus governantes...Mas essa é uma questão em que todos nós, indistintamente, temos nossa parcela de responsabilidade.
Incrível é que vamos e voltamos e caímos na mesma cilada que persegue a humanidade há milênios: a disputa entre nossas escolhas, a supremacia do ter(quando colocado como prioridade, que estimula o consumo desenfreado e nos consome como pessoas) sobre o ser.
E pensar que há mais de 2000 anos, Jesus nos questionava sobre essas prioridades e nos falava do que é realmente essencial. Não acredito que não tenhamos compreendido suas palavras... Compreendemos, sim!
Acontece que a Palavra desestabiliza, incomoda, inquieta. A Palavra nos impede de continuar no mesmo lugar, focados em nossos umbigos. É mais fácil nos fazer de surdos!
Nas nossas andanças e descaminhos, conseguimos até descolorir o significado verdadeiro da palavra AMOR. Passamos a encontrar “pirataria” de amor em diversas prateleiras e tememos o preço do amor original. Porque esse amor, o verdadeiro, tem autoria, faz de nós sujeitos de nossas histórias, nos compromete com a vida e nos movimenta ao encontro das pessoas.
O amor, com todas as letras maiúsculas, é um exercício que nos leva a não impor condições para nossas atitudes e nos faz superar diferenças. O amor verdadeiro implica em desapego, em perdão,em reconciliação, em amizade, em trabalho voluntário, em doação – não de bens, mas do que temos de mais precioso em nós. Não é fácil, apesar de ser simples!
O fato é que temos deixado esse amor guardado no fundo de nossas gavetas. Enquanto isso, assustamo-nos com os acontecimentos. Em vários momentos, quando nos vemos diante de grandes catástrofes, de cenas de violência inimagináveis, da guerra do tráfico, das gritantes diferenças sociais, do diversos exemplos de preconceito e de discriminação, comentamos entre nós: é o fim do mundo!
Mas Deus é Pai ! De verdade! E nos ama tanto que, independente dos Natais, dos dezembros, Ele sempre bate nas portas de nossos corações, pedindo um cantinho para nascer. Ele não desiste de nós ! E essa é a fonte de nossa esperança em um mundo melhor !
Abrir as portas de nossos corações é levantar do sofá e encarar o mundo que nos espera. O trabalho que nos espera. Deixá-lo nascer em nossos corações é assumir o amor, exercitando-o em gestos concretos.
Daremos um cantinho para que Ele nasça em nós ?
Maria e José disseram sim. Os magos e pastores disseram sim. Os apóstolos disseram sim. E nós? Que resposta queremos dar ?
Vamos encarar o imprevisível e usar nossos dons para tornar possível uma sociedade mais justa ?
Vamos abrir nossas portas e caminhar ao encontro de outras pessoas, somando nossas diferenças e construindo a fraternidade verdadeira?
Ou optaremos por continuar diante das TVs e dos computadores, lamentando o rumo dos acontecimentos?

A escolha é sempre nossa: passar pelos natais, comprando presentes e curando as ressacas que ficam ou aceitar o Menino Jesus como nosso presente mais precioso e viver o Natal todos os dias de todos os meses, em todos os anos !
Viver o Natal é abrir o coração ao que não passa quando vem dEle: a alegria, o amor e a paz. E de coração aberto, renovamos nosso sim e nos desinstalamos. Viver o Natal é ouvir o choro do Menino e sentir que o Amor nasceu e precisa transbordar de nós. Somente quando transbordamos amor, descobrimos verdadeiramente o significado da vida.
Assim, ainda que venha o cansaço e as dores, ainda que nos vejamos diante de obstáculos aparentemente intransponíveis, sempre encontraremos forças, sempre seremos movidos por algo além de nós, que nos faz acreditar num mundo mais digno do ser humano, numa sociedade mais justa e ética. E porque acreditamos, trabalhamos por esse mundo, por essa sociedade.
É Natal! 
 Nova translação se inicia ! Que consigamos preservar a natureza e cuidar melhor uns dos outros.
Feliz jornada para todos nós! Que a estrela nos guie a todos os corações-manjedouras para que, juntos, natalizemos o mundo.
Do amor, nasce a paz! É amando concretamente que nos transformamos em instrumentos da paz.
Que sejamos, então, instrumentos de paz, operários desse mundo mais bonito, sonhado e desejado por todos nós.

Renata Villela / Dezembro - 2010