sexta-feira, 4 de junho de 2010

Francisco, Franciscos....

Para um "Francisco" mercedário, muito querido, que aniversaria amanhã:

Francisco, Franciscos....
Refletir sobre o ser humano é abrir todas as nossas perspectivas de compreensão, olhando-o como ser que é filho de Deus e herdeiro do Reino. Por outro lado, é reconhecer, na complexidade desse ser, a simplicidade de uma criação que contempla o bem e o mau, o certo e o errado, a luz e a sombra, o doce e o amargo.
Impossível prender o ser humano em amarras de condicionamento unilateral, transformando-o num executor de tarefas ou num fornecedor de respostas esperadas aos anseios seja de quem for: dos pais, dos amigos, dos políticos, da sociedade, da igreja, da comunidade....Não ! O ser humano sempre será mais do que se espera dele, sempre conseguirá escapulir ao previamente esperado ou ao antecipadamente recriminado. Isso porque ser humano é justamente viver a experiência do mergulho nas possibilidades do que se pode ser, na liberdade das escolhas, na flexibilidade das tendências, na vulnerabilidade das certezas, na temporalidade das angústias e na eternidade da verdade essencial que o constitui.
E é bonito quando descobrimos Franciscos no meio das turbulências, gente que quer construir mesmo quando, em volta, tudo parece ruína... É bonito quando vemos Franciscos que acreditam na real possibilidade de resgatar a essência das coisas mesmo numa sociedade que tanto valoriza os recheios e, muitas vezes, se perde neles sem conseguir chegar na fonte... É bonito encontrar Franciscos que ousam a liberdade de ser sem a preocupação com o ter, que escorregam e se reerguem limpando a poeira do chão e, ainda que machucados, não desistem porque têm um ideal em que acreditam e pelo qual são capazes de dar a vida...
Não, não importam os redemoinhos, as reviravoltas, as tempestades, os labirintos nem as armadilhas, Franciscos vencem !
Não importam os ventos contrários, as críticas fundamentadas nas razões do capitalismo, do neo-liberalismo e dos tantos ismos que o homem inventa para complicar a existência. Franciscos sempre vencem porque não temem o que é efêmero e têm como mola propulsora de seus movimentos, a energia que vem do amor, amor que é atitude, que é entrega, que é desapego, despojamento e doação. Franciscos não perdem porque perder é um verbo que para Franciscos têm sabor de ganhar, isso porque acreditam que toda experiência é fonte de crescimento, de aprofundamento espiritual, de renovação de forças, de re-significação da vida. Assim, Franciscos, mesmo que sofram, sempre vencem...Mesmo que vivenciem a experiência das cruzes, dos espinhos, do morrer a cada tranco, transformam a vida em espetáculo e transcendem, e acendem novas luzes. Espalham no ar o cheiro da verdade essencial da vida, que se constitui na mistura da areia com o mar, do sorriso com o chorar, da bondade com a maldade, dos erros com os acertos, do doce com o amargo porque sabem que viver é mais que lutar pela sobrevivência, porque se reconhecem pequenos, doídos, incompletos, obscuros e, ao mesmo tempo, iluminados mas sabem que são filhos amados de Deus e trazem na bagagem de cada experiência, a essência do divino que tudo supera, transforma e edifica.
Franciscos vencem, Franciscos ensinam, Franciscos caem e levantam, Franciscos amam...E é por causa de tudo isso, que Franciscos não passam...

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