domingo, 5 de setembro de 2010

Torneiras de Deus

É incrível como a vida, em seu mistério, vai descortinando nosso olhar e nos trazendo novas percepções sobre o que somos e sobre o sentido de nossa existência.Na semana passada, num momento de oração em que pensava e me preparava para fazer a colocação da oração da manhã do sábado, no encontro regional do OPA, fui tocada de um modo muito especial. Estava refletindo sobre o tema do encontro: “Simplicidade: resgate do que é essencial” e destacando passagens bíblicas que ajudassem a meditar sobre a experiência de simplicidade na vida de Jesus, quando me vi como uma torneira, uma torneira de Deus.
Essa imagem me veio justamente enquanto pensava na gratuidade do amor de Deus e como, quando temos consciência de que tudo vem dEle e de que tudo o que fazemos como serviço aos outros é resposta a esse amor e não mérito nosso, nossa vida ganha um sentido novo.
Com certeza, a inspiração dessa imagem não foi fruto de minha criatividade, mas da graça do Espírito que, muito melhor do que eu, sabe que só transmitimos verdade naquilo que falamos quando o fazemos de dentro para fora, ou seja, quando expressamos aquilo que vivemos e sentimos. Era preciso que eu me sentisse torneira para melhor falar sobre o amor de Deus e o sentido que nossa vida tem por causa dEle.
E o que é ser torneira de Deus ?
É ter consciência de que o mais importante não é a aparência. Da mesma forma que pouca importa se uma torneira é dourada, prateada, de bronze ou de plástico, pouco importa para nossa razão de existir, as coisas supérfluas que a mídia nos coloca como primordiais....
É ter consciência de que o mais importante não é o lugar que ocupamos na sociedade, a profissão que exercemos. Da mesma forma que pouco importa se a torneira funciona ao apertar, ou por um sensor, ou girando a “rosca”, importa é que ela forneça água quando necessário, assim também para nós, pouco importa o que fazemos, mas se o estamos fazendo para servir.
Para que servem torneiras fechadas? Assim como nossa vida só tem sentido se vivida para Deus, torneiras só tem sentido se estiverem ligadas a uma fonte ou tubulação que lhes permita, ao serem abertas, fornecer água.Torneira sem água não tem significado. Nossa vida sem Deus perde a essência.
O dom de Deus, o Amor de Deus é a nossa água. Se não estivermos conectados a Ele, não teremos o que dar e não tendo o que dar, deixamos vazios.Ter consciência de que somos torneiras de Deus, redimensiona nosso papel no mundo e, consequentemente, desperta nossa humildade. Afinal, a água que fornecemos para lavar roupas, cozinhar alimentos, saciar a sede das pessoas não é “produção nossa”... Torneira não produz água, recebe e dá, dá o que recebe... E TUDO o que recebemos vem de Deus !
Assim somos quando nos vemos como instrumentos desse Amor Maior. Pouco importa o que temos, o que sabemos, o tanto que estudamos e quanto ganhamos, importa apenas sermos de Deus, para Deus, no serviço aos outros.Simples torneiras ! Humildes torneiras ! Torneiras que não pingam e não desperdiçam porque sabem o que é sagrado ! Torneiras que não se trancam porque sabem que o amor de Deus liberta e é gratuito.
Bendito seja Deus que faz nascer em nós, a alegria que brota da percepção do que somos... Pequenos ! Bendito seja Deus que nos faz torneiras que precisam de Sua água, pessoas que tem sede de Seu amor. Bendito seja Deus que coloca em nossos caminhos pessoas que nos ensinam a nos ver exatamente como somos e, assim, melhor servir e mais verdadeiramente amar !

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