sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mar e Vida



Hoje olhei o mar de um jeito diferente,
percebi que nas idas e vindas
as ondas molham a areia
e trocam os grãos de lugar.
Assim como a vida da gente
banhada por cada maré
nunca volta a ser o que foi
e só pode ser vivida como é.
Vida que muda a todo instante,
eternamente mutante,
a desafiar nosso desejo de ancorar
em porto seguro.

Vento vem do litoral
levando pra mais adiante
certezas agora molhadas,
salgadas incertezas.
Vida banhada pelo bem e pelo mal,
remada por nossas mãos
e por nossos corações,
às vezes carentes,
outras vezes, transbordantes,
confiantes,
ora tementes
por não poder  prever o que será
depois que cada onda passar.

A cada onda, fraca ou forte,
vem a morte de um estado
e nasce uma nova praia,
diferente,
nem melhor nem pior.
Espumas branqueiam o azul
que perde a transparência
assim como perdemos a inocência
da criança
e ganhamos a inocência
da esperança
a cada redemoinho vencido,
a cada ressaca acalmada.


Hoje olhei o mar de um jeito diferente,
não mais como aquela criança
que faz castelos na areia,
que pula as ondas sorrindo,
e acha que o mar é infinito
quando abraça o céu.
Agora, em meio a esperança,
aos sonhos e aos desejos,
há medos indo e vindo,
por vezes jogando um véu
no que há de mais bonito
entre o hoje e o amanhã,
dando um tom de realidade
ao mistério que faz a noite
virar manhã
e a manhã entardecer.


Ondas que molham a areia
e a transformam
formam as praias que encantam
com tanta beleza.
Ondas que molham a vida
e a transformam
formam as histórias que nos tocam
com a sutileza
da presença de Deus.


Hoje olhei o mar de um jeito diferente,
consciente de que tudo é passageiro
e que passageira sou
caminhante eu sou,
deixando marcas que o mar apaga,
porque é assim que tem que ser.
Olhando o mar encontrei o que é eterno,
o terno abraço de Deus
que a tudo dá sentido
e faz tudo ser bonito
mesmo quando traz dor.

Olhos que olham com amor,
amam o mar,
amam amar
mesmo quando sofrem com as tempestades.
Olhos que olham o mar
entendem que o amor
é sempre maior que as tempestades
que passam.
Olhos que enxergam o Amor,
olhando o mar,
compreendem as lições que a vida ensina
e não temem deitar na areia
e se deixar banhar.

Renata Villela

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