quinta-feira, 7 de maio de 2015

Maternar

Maternar

Existem coisas que exigem centenas de palavras para que cheguemos à sua tradução completa; já outras, transcendem todas elas juntas... A maternidade é uma dessas palavras que nos colocam de frente com nossa incompetência linguística, se é que podemos dizer assim.
Maternar é um verbo que parece brotar dos corações, transformando-os! É um verbo que traz a imagem da fonte que jorra a água mais límpida!
São privilegiadas as pessoas que maternam. Privilegiadas também são as que são maternadas. Maternar é mais que gerar! É amar incondicionalmente, é cuidar initerruptamente, é se entregar absolutamente.
São felizes as mulheres que geram seus filhos e acompanham semana a semana o desenvolvimento do embrião que se faz feto, do feto que se faz criança. Somente quem viveu essa experiência é capaz de compreendê-la. Hoje penso, entretanto, que a felicidade da maternidade vai muito além da gestação e do parto. Felizes as pessoas que maternam sem terem gerado, que cuidam por opção, que se entregam ao desconhecido que, por amor,  torna-se parte de uma  vida maior.
Existem mães de todas as idades... Desde a menina que ainda na infância se vê com a responsabilidade de cuidar dos irmãos menores até a avó que assume para si a competência maternal que, por mil motivos, não foi devidamente absorvida pelos pais. Existem mães que planejaram com todos os detalhes a vinda de seu bebê e aquelas que foram tomadas de surpresa e, ainda que no susto, disseram e assumiram seu sim. Existem mães que foram em busca de seus filhos – nascidos de outras barrigas – nos cantos mais escondidos do país...Ou do planeta.  Existem mães paparicadas pela família e mães solitárias e abandonadas ao destino. Existem mães com condição de suprir seus filhos de todas as suas necessidades e mães que encaram toda privação para garantir o mínimo necessário à sobrevivência de sua “cria”.
Por incrível – e até absurdo que possa parecer para muitos – maternar não é um verbo específico do sexo feminino....Existem homens que maternam de uma forma muito mais intensa e plena do que muitas mulheres! Maternar também não tem ligação direta com a fertilização do óvulo, com as 40 semanas de gestação, com as dores do parto nem com a vivência numa mesma casa. Existem muitas mulheres que engravidaram, pariram, colocaram seus filhos no mundo – literalmente – e nunca maternaram... Quem materna, não explora, não abandona, não espanca, não mata. Maternar implica nesse amor que dá a vida.
Quem materna sabe o que são noites sem dormir, sabe o que é  andar pé ante pé ao quarto, no meio da madrugada, para acompanhar a respiração do bebê, sabe o que é a angústia da febre que não abaixa e do telefone que não toca. Quem materna entende a emoção do primeiro passinho, da palavra balbuciada, do sorriso que escapole, do abraço apertado...Uuupaaa!!!! Quem materna sabe a ansideade que faz o coração disparar na espera do resultado do vestibular, nas viagens com os amigos e nas conquistas, sejam elas que dimensão tenham.
Eu quero celebrar o dia das mães que maternam, dos pais que maternam, dos avós que maternam, dos irmãos que maternam. Mais, muito mais do que isso, eu quero celebrar a vida de todos os que maternam e reacendem – diariamente – a chama do amor no mundo.  E quero lembrar que maternar é um verbo que transcende a vida, vai além da vida, pulsa na eternidade. Materna que vive a esperança e quem vive a saudade. Materna quem ama e, quem ama, sabe que o amor não conhece limites, fronteiras nem quebras. Amor maternado transforma, transborda, transcende e constroi pontes para muito além do aqui e agora. Amor maternado implica certezas: de encontros e reencontros, de perdões e recomeços, de sorrisos que se sobrepõem a lágrimas e de histórias que não têm ponto final.

                                                              


Renata Villela – Maio/2015 

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